Carlos Marcelo Campos Teixeira

Utopias tecnológicas que, há alguns anos, não passavam de casos relacionados a ficção científica, hoje, graças a uma evolução frenética e sem precedentes, nos levam a experimentar novos ares do século XXI, século este que, após 22 anos, vem se tornando o responsável pelo estabelecimento de uma nova cultura em que a tecnologia torna-se um dos fatores primordiais para a sobrevivência. Muito além de cenários futurísticos, apresentados em um passado remoto no seriado animado “os Jetsons”, as cidades, que são organismos vivos, se rendem a uma hiper conexão tecnológica que, em um curto espaço de tempo, torna-se palco de uma interação física e virtual, que tem mudado definitivamente nosso modo de pensar, viver e interagir com o meio.
As denominadas cidades “inteligentes”, deixam de ser um sonho do futuro, para se tornarem ambientes reais no presente, que, em apoio a um bem estruturado planejamento urbano, embarcam tecnologias como Internet das Coisas (IoT), WiFi, Cloud Computing e aplicativos em Mobile, que cadenciam o novo modus operandi transformador, das novas áreas urbanas, visando melhorar a qualidade de vida e bem-estar do cidadão.
Dentre o portfólio de soluções tecnológicas, que compõem esse novo conceito de cidade interativa, podemos identificar sistemas de gestão energética, que atuam diretamente na iluminação pública, visando a redução de consumo, sistemas de geolocalização de transporte público, que apresentam as melhores opções em termos de percursos, visando a otimização do tempo do usuário, e, por fim, além de uma série de soluções interativas, um sistema de gestão de fluxo, que através de semáforos, associados a outros equipamentos, cumprem um papel importante na definição da cadência e fluidez, em termos de mobilidade urbana, visando diminuição do tempo de deslocamento e por sua vez controle na emissão de poluentes no ar.
Mas afinal, em se tratando de cidades “inteligentes”, qual o papel dos semáforos, esse clássico equipamento, que surge em meados do século XIX, e que tão pouco evoluiu até os dias de hoje?
Os chamados semáforos “inteligentes”, recebem essa denominação pois - muito além de uma simples repaginação estética, inserção de iluminação em LED, comunicação via GPS e sistema de nobreak para evitar repentinas quedas de energia - controlam e direcionam de forma integrada, o tráfego de pedestres e demais modais que circulam no sistema urbano. O referido sistema, que, por intermédio de câmeras acopladas ao conjunto semafórico, somadas a sensores eletromagnéticos de velocidade, cravados ao longo das vias, coletam em tempo real, informações a respeito do fluxo dos veículos, e as organiza automaticamente, gerindo dessa forma a periodicidade, bem como o tempo de permanência na onda verde em cada cruzamento de uma via, garantindo assim um deslocamento mais fluido do trânsito, que, diga-se de passagem, é um ponto nevrálgico das grandes metrópoles na atualidade.
Algumas cidades brasileiras, já adotaram essa tecnologia para fazer parte de seu sistema de gestão da mobilidade urbana, e, com isso, conseguiram comprovar ganhos tangíveis como maior rapidez nos deslocamentos quando comparado, às frequentes paradas e grandes lentidões no tráfego, muito comuns antes de sua implementação. O controle de informações captadas pelas câmeras, dispostas ao redor da malha urbana, alimenta de forma automatizada, uma central que disponibiliza parâmetros relacionados à segurança pública, bem como todo mapeamento de velocidade da via, para que uma inteligência artificial calcule a otimização de fluxos e tempos de permanência em cada cruzamento. Outro ponto importante é a questão da acessibilidade e inclusão dos pedestres, que, através de sistemas sonoros e visuais incorporados aos semáforos, apoiam as pessoas com algum tipo de limitação na locomoção autônoma, melhorando sua vivência e percepção da cidade através de uma mobilidade ativa segura.
É fato, que ainda não é utilizado muito do potencial do referido sistema, pois para que isso ocorra, algumas evoluções e integrações ainda precisam ser pensadas e implementadas. Por exemplo, além desse equipamento urbano instalado na cidade, cada modal que circule por esta malha urbana, deverá conter em sua configuração básica, dispositivos de comunicação, que estabelecerão conexões em nuvem para que todo esse sistema converse entre si de forma harmônica, mais eficiente, e promova segurança e bem-estar aos usuários de modo mais abrangente. Apesar de toda essa discussão acontecer ao redor dos hardwares e softwares, produtos estes advindos de uma demanda altamente tecnológica, o grande foco é no “Humanware”, e como o ser humano interage de forma amigável com todo esse aparato, pois o mesmo, continuará sendo o grande ator e protagonista, num cenário de integração física com o digital.
Carlos Marcelo Campos Teixeira é professor nas disciplinas de Projeto nos cursos de graduação em Arquitetura e Design da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutorando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) está na 71a posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times Higher Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Comemorando 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras
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