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Foto do escritorRodovias & Vias

IBANEIS ROCHA

Pujante e com potencial para crescer



Determinado, arrojado, articulado. Três partes iguais, em perfeito equilíbrio atuam nas entranhas da inteligência do homem à frente do mais alto posto executivo do Governo do Distrito Federal. Dotado de uma retórica invejável, e de uma capacidade ainda mais formidável de transformar palavras em obras e ideias em realidade, Ibaneis Rocha é uma personalidade que não teme o julgamento do tempo. Antes, procura compreendê-lo, atuando com grande desenvoltura por ele, sem perder princípios, nem propósitos. Um caráter estadista, de grande capacidade realizadora: este é o perfil que Rodovias&Vias encontrou no palácio dos Buritis, para a tipicamente franca e objetiva conversa que ele privilegia, e que o leitor acompanha a partir de agora.



Rodovias&Vias: O senhor é tido como um gestor arrojado, sob o prisma de ampliar a presença do estado via prestação de serviços por meio de pesados investimentos públicos. Porém, antes de tudo, houve uma grande preparação do ponto de vista de reequilíbrio das contas públicas, com responsabilidade e transparência. Como foi esse processo?

Ibaneis Rocha: Eu não gosto muito de falar do rombo financeiro que encontramos no governo, embora fosse bilionário, porque fui eleito exatamente para resolver esses problemas, embora este especificamente tenha sido escondido até durante o governo de transição. Nos primeiros meses de gestão fizemos uma readequação dos gastos e investimentos e aos poucos fomos encontrando saídas, reescalonamos dívidas e melhoramos a eficácia na captação financeira. Não tem mágica. É trabalho. Para fazer uma gestão da maneira que eu queria, resgatar o Distrito Federal daquela situação modorrenta em que muito pouco acontecia – é preciso lembrar que havia até um viaduto caído no chão da capital tombada no Brasil, entre várias outras obras paradas – era preciso ter uma nova postura diante das contas públicas. Ao mesmo tempo, fomos elaborando os projetos do que faríamos, do que a cidade precisava. E começamos exatamente pelas muitas obras que estavam paradas.


A recapacitação para os investimentos públicos, além dos desafios naturais associados a este movimento, encontrou um obstáculo ainda maior diante da Pandemia do Coronavírus. Quais os caminhos encontrados para esta superação?

Foi uma época muito dura para todos. Assim que soube da gravidade da covid-19, do poder avassalador do vírus que se espalhou pelo mundo tudo, fui obrigado a tomar decisões radicais, suspendendo aulas, restringindo a circulação de pessoas, equipando hospitais; mas ao mesmo tempo acredito ter tomado a decisão mais acertada entre todas que foi a de manter as obras públicas. Tive uma colaboração muito grande dos empresários da área que concordaram em tomar medidas de proteção a seus funcionários. Com isso, a economia não parou. Foram quase três anos muito difíceis para todos, que refletem negativamente até hoje, porque vemos a dificuldade de muitas empresas de se reerguer – tanto que estamos promovendo um segundo programa de refinanciamento de dívidas de impostos –, tivemos uma redução grande na arrecadação, mas nada disso nos impede de ir tocando em frente, promovendo um grande programa de obras e ações sociais que beneficiam a toda a sociedade.

O senhor é reconhecido por suas fortes opiniões e determinações. Por outro lado, também é reputado com uma alta habilidade para o diálogo. Como este perfil evolui e se desenvolve entre os diversos atores de influência, como órgãos de controle e fiscalizadores em um ambiente tão sensível como o DF?

Eu venho da advocacia. Tenho 25 anos de trabalho na área e isso moldou minha forma de agir em todas as situações. Eu ouço muito antes de tomar uma posição e sou muito firme nas minhas posições, mas não enfrento as dificuldades ou outras esferas de poder por prazer, mas para fazer o melhor para o Distrito Federal. Eu sempre prefiro o diálogo, o convencimento, mas nem sempre isso basta. Os órgãos de controle precisam e são necessários no trabalho de fiscalização, mas não podem ter gerencia sobre a administração. Isso é para quem foi eleito pelo povo e eu fui eleito duas vezes, na reeleição venci ainda no primeiro turno. O governador sou eu e me comporto com responsabilidade, sei o que é preciso fazer e o que posso fazer. É assim que eu me comporto.


Ainda sob esta “verve”, digamos, diplomática, como o senhor avalia as relações com a bancada representativa do Distrito no congresso e mesmo com os representantes do legislativo local, no sentido de aprovar e endereçar leis e assuntos de interesse que a gestão detecta como essenciais para tocar em frente grandes empreendimentos?

Minha relação com a Câmara Legislativa é muito boa. Para se ter uma ideia conseguimos ampliar a nossa base de apoio com filiações novas para o MDB e tenho mantido um diálogo respeitoso até com a oposição. Os parlamentares da oposição são eleitos exatamente para fiscalizar o governo e por isso eu faço questão de mostrar aos deputados o quê e o porquê de fazer determinadas coisas. Há diálogo, eu não passo por cima e respeito a todos na mesma proporção em que eles me respeitam. Não há espaço para qualquer ataque pessoal entre nós. Um projeto importante para o governo é discutido em minúcias com a Câmara Legislativa para quem nós procuramos mostrar da importância de determinada ação. Eu acredito que temos nos saído muito bem nessa administração, tanto eu quanto os deputados distritais. Na área federal também não tenho problemas e conto com o trabalho dos parlamentares, respeitando a aplicação das verbas destinadas por eles exatamente nas áreas em que escolhem. Muitas vezes eu peço que eles destinem verba para determinado projeto e tenho recebido apoio. É uma boa interlocução.


Seguindo sob esta ótica, parece evidente um acesso facilitado da população em relação ao encaminhamento de demandas às autarquias e entes de governo que podem resolvê-las. Até que ponto podemos considerar esta uma “assinatura” dentro de um novo perfil de governo?

Este é um governo muito aberto. Todas as demandas são analisadas e levadas em consideração. Evidente que algumas têm preferência sobre outras. O Distrito Federal cresce muito rapidamente, são cerca de 70 mil novos habitantes por ano, entre nascidos aqui e pessoas que vêm de outros estados. Isso causa distorções, como é o caso das áreas destinadas à moradia. Em governos passados não havia a preparação de novas áreas para a construção de residências e o resultado é um déficit habitacional muito grande, que estamos combatendo agora com a construção de milhares de unidades habitacionais e a definição de áreas para novos bairros para todas as classes sociais. O mesmo acontece na área do trabalho, por isso estamos investindo tanto na capacitação de pessoas para ocupar empregos que as nossas empresas mais demandam e na urbanização das áreas de desenvolvimento econômico, buscando atrair novos empresários. Este é um governo aberto a toda a sociedade e que pede a participação de todo cidadão que quer contribuir com ideias, projetos ou trabalho.


A moderna administração pública prevê uma série de responsabilidades adicionais, implementação de políticas ESG e compliance, que inclusive, são elementos excludentes para a captação de recursos junto à instituições financiadoras. Como o senhor obteve êxito neste sentido?

Nós temos procurado acompanhar essas mudanças com firmeza. Muitos dos nossos projetos dependem do cumprimento dessas políticas de controle, mas isso não impede que a gente invista no desenvolvimento da cidade. Cumprimos todos os protocolos sem abdicar dos nossos propósitos. Tem dado certo.


O senhor parece ter apostado na capacidade executiva do DER-DF, um pouco até na contramão de instituições análogas, em outros estados, que têm privilegiado um viés mais voltado à fiscalização e terceirização da atividade fim. Como nasce esta estratégia dentro do governo e como o senhor avalia a performance?

O DER tem uma história de cumplicidade com o Distrito Federal, esteve envolvido em importantes obras nas cidades e mostra uma ação firme quando é chamado a intervir. Várias obras são feitas diretamente pelo departamento, principalmente as mais urgentes, o que economiza tempo. Outras são feitas por empresas contratadas por licitação, mas sob a orientação e fiscalização do DER. Eu acredito no servidor público, advoguei para sindicatos por muitos anos e sei a força de trabalho e o compromisso que eles têm. No governo, é preciso dosar a participação de todos para que o benefício chegue mais rapidamente à população, que é o nosso objetivo maior.


O DF tem recebido algumas obras de alto impacto, não apenas sob a perspectiva de melhoria viária, mas de melhoria na mobilidade e na qualidade de vida em geral, com intervenções pesadas em melhorias de infraestrutura, atualizando e até ampliando o acesso a serviços básicos. Até que ponto esta é uma atuação direta em um grande problema, de atacar as desigualdades sociais?

A nossa ideia é privilegiar o transporte coletivo. Por isso estamos ampliando o número de faixas exclusivas para ônibus nessa atualização da infraestrutura, assim como mais do que dobramos o número de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) – e vamos fazer mais três – já estamos construindo mais quatro hospitais, muitas Unidades Básicas de Saúde, creches, fazendo novas escolas e ampliando em mais de 500 salas de aula, construímos mais dois restaurantes comunitários, centenas de quilômetros de calçadas, em obras que são feitas em todas as regiões do DF, procurando beneficiar o maior número de pessoas possível. Também já temos a segunda maior malha de ciclovias do Brasil e estamos planejando mais 200 quilômetros. A população mais carente é atendida com o maior programa de segurança alimentar do país, com mais de cem mil famílias atendidas pelo programa prato cheio, 70 mil com o cartão gás e muitas outras ações que ajudam as pessoas mais carentes, enquanto fazendo grandes programas de capacitação profissional.


De fato, a mobilidade tem sido um grande destaque na sua gestão, com implantações importantes de sistemas como o BRT, ampliações do Metrô, planos para implantação do VLT e mesmo modais alternativos como o cicloviário. Como é possível conciliar todas estas iniciativas em uma cidade que pode ser considerada – também – o berço do automobilismo como indústria no Brasil?

O Distrito Federal ficou parado no tempo por muitos anos. Houve pouquíssimo investimento na ampliação da malha viária, enquanto a população não parou de crescer. Isso fez com que nós desenvolvêssemos um programa amplo e que, curiosamente, provoca uma crítica estranha dos adversários: dizem que estamos fazendo muitas obras ao mesmo tempo. Ocorre que estamos mesmo correndo contra o tempo. E ainda temos que aproveitar o período de seca para acelerar, porque com chuva fica mais difícil. Os viadutos que estamos construindo para facilitar o trânsito não são meios para beneficiar apenas a quem tem carro. Ao contrário, com eles os ônibus vão trafegar melhor e por faixas exclusivas fazendo com que as pessoas percam menos tempo na viagem de casa para o trabalho.


O DF, ainda que dispense maiores apresentações, reúne uma série de predicados importantes para os investidores dentro e fora do Brasil. Como o senhor avalia sua gestão enquanto uma promotora de um ambiente de negócios saudáveis incluindo também questões como a segurança jurídica, tão sensíveis para a atração de capitais?

Eu tenho por norma não atrapalhar quem empreende. O Distrito Federal, por sua localização geográfica, malha viária de estradas e pelo aeroporto, tem uma grande atração para empresas de logística e distribuição. Elas têm descoberto isso e temos procurado facilitar a vida de quem vem, com oferta de terrenos e outros incentivos, como a urbanização das áreas de desenvolvimento econômico. O mais importante é que oferecemos segurança jurídica para quem vem empreender no DF e isso está sendo reconhecido por todos mesmo num momento em que há uma grande retração do mercado nacional como um todo.


Por fim, como não poderia deixar de ser, que mensagem o governador deixa aos empreendedores em geral, e em especial aos que se dedicam ao segmento da construção pesada de todo o Brasil?

Inicialmente, que o Distrito Federal está aberto para todos. Aqui, oferecemos oportunidade para crescer, realizar. Gosto de dizer que quem precisa de governo é o pobre; o rico basta não atrapalhar. Temos muitas oportunidades de negócios aqui e uma cidade aberta aos empreendedores de todo o país. O Distrito Federal tem problemas, mas tem a maior renda per capita do Brasil, um mercado consumidor pujante e muito para crescer.

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