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Fernando Leite - Diretor Presidente da NOVACAP


(RE)NOVACAP

Alfa e ômega no esforço de requalificação e renovação de Brasília e do Distrito Federal, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), é parte indissociável da história do país, ao constituir a ferramenta essencial que produziu uma das mais singulares cidades do mundo. À frente da emblemática empresa, o engenheiro Fernando Leite, trabalha para “Compatibilizar Expectativas”, trazendo a instituição, que antecede a gênese da própria urbe que motivou sua criação, “de volta para o futuro”, alinhando-a – mais uma vez - com o espírito de inovação e o perfil dinâmico que caracteriza sua trajetória. Moderna, tecnológica, vanguardista. Os adjetivos se confundem para aclarar as vocações de criadora e criatura.


R&V: O senhor está à frente de uma empresa histórica, representativa e significativa para a população local e sem exagero, quase uma lenda nacional. Uma instituição que soube se reinventar ao longo do tempo e que não perdeu a relevância, tornando-se instrumental a atual gestão pública, que exige grande amplitude de trabalhos. Qual o contexto da Novacap neste momento?

Fernando Leite: Bom, primeiramente, é preciso frisar muito bem o papel indiscutível que a empresa tem na criação de Brasília. Uma empresa que foi criada em 1956 pelo presidente JK, em um decreto que antecede a própria fundação da cidade; com o objetivo de construir esta cidade. Isto traduz a importância da instituição. Ao longo do tempo, ela é a grande responsável por todas as ampliações e expansões, em uma história que começa e foi construída pela companhia. Você menciona o momento; pois o momento é de intenso trabalho e de muitas obras por força da determinação do governador Ibaneis Rocha, que retomou o caminho que está tanto no DNA da companhia quanto da cidade, que é voltado para o novo. Brasília, quando foi concebida, e posso afirmar isso como engenheiro, não tinha parâmetro de comparação. Difícil mensurar o espanto dos grandes pioneiros quando abriram as plantas e os projetos para efetivamente erigi-la. Claro, esta é também uma casa de grandes nomes. Israel Pinheiro, o primeiro presidente da Companhia, e o notável engenheiro Bernardo Sayão. Então, é uma grande responsabilidade tocar em frente um legado como este. E é preciso pôr em perspectiva o seguinte: se a cidade foi construída para ser a mais moderna do mundo à sua época, como deveria ser a empresa que tinha a missão de construí-la? Então, a Novacap tem essa característica, de ousadia e inovação. É intrínseco à empresa. E nosso trabalho é executar essa proposta, dentro do que determina a administração, trazendo-a de 1956 para 2023 e adiante. Isso inclui melhorias gerais, de procedimentos, de gestão, de governança e qualificação de pessoas. Nós compreendemos que afinal, o mundo hoje é outro. Nós não podemos ficar parados no tempo. Então, temos a missão de conservar o espírito da empresa, trazendo-a para a atualidade.


De fato, a empresa detém, já pelo próprio nome, “Nova Capital do Brasil”, uma aura de avanço e dinamismo. Porém, existem fatores que também contribuem para que esta visão se torne uma realidade, talvez o principal, seja uma boa saúde financeira, para poder colocar tudo em prática.

Aí entram vários pilares. O primeiro deles, onde estamos investindo muito, é a gestão de pessoas. Estamos mirando em renovação aqui. Também estamos falando de capacitação, elevação do patamar técnico, a adoção de novos mecanismos, sistemas e métodos mais modernos e contemporâneos. Já estamos, por exemplo, avançando muito bem no sentido de colocar todas as nossas obras dentro da plataforma BIM. Isto é, todas as obras novas, já estão adequadas dentro dela. Na verdade, é uma exigência da empresa, em atenção à legislação. Então, esse nosso primeiro esteio é pessoal aliado à tecnologia. O próximo é a gestão em si, já incorpora melhores práticas de ESG como ferramentas corriqueiras e modificou muito a nossa forma de fazer as coisas e é também uma característica que compartilhamos com a alta gestão do governo Ibaneis. Esta é uma característica que se alterou ao longo do tempo, pois a empresa vem de uma época em que tudo, ou quase tudo o que ela necessitava, precisava ser feito por ela mesma. Não existia essa facilidade de ir ao mercado. A Novacap tinha carpintaria, tinha fábrica de pré-moldados, tinha até farmácia. E, alinhados à tendência mundial, nós estamos consistentemente orientando-a para ser uma gestora de contratos. E neste sentido, posso dizer que já evoluímos muito, nessa que é também uma meta do governo Ibaneis Rocha. Estamos de verdade, em um processo muito célere neste sentido. Por fim, vem a forma de atuação da empresa, que se abriu para estabelecer parcerias, buscando novas oportunidades dentro do próprio Distrito Federal, e mesmo, retomar uma característica que ela tinha, de prestar serviços fora do DF, no que estamos capacitando-a para atender também ao governo Federal. São as 3 áreas que nós consideramos estratégicas. E dentro delas, não tem nos faltado apoio do governador. Voltando um pouco ao pilar da gestão de pessoas, vale a pena citar que nós criamos uma escola corporativa. Já com abertura de oferta de cursos para a capacitação do nosso pessoal. Futuramente, a ideia é inclusive, abrir essa escola também para pessoas que não sejam do nosso quadro.


A Novacap tem atuado muito fortemente na zeladoria, trazendo contribuições muito importantes, no sentido de tornar a cidade mais “amistosa” para seus habitantes e visitantes.

É verdade. Nós temos uma das maiores metragens de área verde per capita do mundo, com muitos parques. E estamos transformando cada vez mais em uma cidade mais florida, colorida, com seus ipês e seus muitos canteiros de flores. Hoje nós temos quase 800 canteiros de flores, por sinal. Tudo isso ajuda a humanizar a experiência de viver a capital. E nós temos uma política de cuidar, fazer as podas, manter esses canteiros e áreas verdes, essas árvores em boas condições. Nós estamos agora, entrando em uma época de plantio, realizada anualmente, que resultará, somente este ano em mais 100 mil árvores, em um horizonte de 6 milhões de árvores plantadas. É interessante falar que essas novas árvores são de produção própria nossa, oriundas de 2 viveiros da Novacap. Um dedicado às árvores ornamentais e o outro à principalmente, flores e arbustos. Um bom exemplo da nossa atuação neste sentido, é o boulevard do Túnel Rei Pelé, em que nós fizemos tanto o projeto urbanístico, como o plantio, sendo também responsáveis pela zeladoria dele.


Falando um pouco ainda da vegetação, das mudas, elas são de plantas nativas?

Sim. Mas aí existe um fato curioso. Durante aqueles primeiros anos heroicos, dos pioneiros, da construção, na década de 1960, não existia essa possibilidade, nem tecnologia, nem pessoal, nem uma compreensão clara de como tratar o paisagismo e a vegetação, dado o tempo extremamente curto em que as obras caminharam. Em um segundo momento, com a Novacap com um quadro mais organizado de pessoas, atuando de uma forma mais orgânica, observou que, muitas das plantas trazidas de fora da região, tinham vida muito curta. Além de exigirem manejo constante, não se adaptaram bem. Foi a partir daí que a empresa viu a necessidade de produzir as suas próprias mudas, privilegiando as espécies já presentes aqui, já bem adaptadas às características da região. Todas as mudas e sementes foram coletadas no entorno de Brasília.


Vamos especificar melhor essa zeladoria que a Novacap performa?

Certo. É preciso entender que, as duas atividades básicas da Novacap são essas. Zeladoria e expansão. E por zeladoria, além do tratamento, manutenção, plantio e manejo dos canteiros, das áreas verdes, dos parques e sua vegetação, estamos falando de pavimento, drenagens, toda a conservação desses elementos.


Nesse tema da pavimentação, como anda o desenvolvimento por parte da companhia?

É uma parte muito forte de nossa atuação. Temos inclusive uma usina de Asfalto aqui na sede, que fornece parte da nossa massa. Até por que nós temos que ter em mente que são 7 mil Km de vias no Distrito Federal, com uma população cada vez mais exigente. É uma “régua” que sobe. E hoje, a proposta do governador Ibaneis é democratizar o acesso por vias pavimentadas. É um trabalho colossal, cuidar desse patrimônio existente e mesmo ampliá-lo. Mas nós temos encarado esse desafio, trabalhando muito em conjunto com o DER-DF, tanto para atender a expansão quanto a conservação. Claro, existe também em meio a este esforço, a busca por melhorias incrementais no nosso Sistema de Gestão de Pavimento Urbano (SGPU) que sejam mais eficientes, e que efetivamente encontrem esse nível de exigência alto que parte da população e que é refletido pelo próprio governador. A meta é Brasília sem buracos. E estamos trabalhando duro para isso. Somente em termos de expansão de malha pavimentada, estamos chegando em 160 Km durante o governo Ibaneis. Sem contar o que está sendo realizado pelo DER-DF. Fresagem, recapeamento, são outros 30 Km, em uma programação que deve chegar aos 100 Km no ano que vem. Além desses, tivemos mais 8 Km de implantações.


Falando um pouco sobre o SGPU, como ele funciona?

Ele faz o diagnóstico de todo o viário do DF. Foi implantado este ano e faz o levantamento contínuo do estado da malha, indicando a situação, o problema que se apresenta, e já estabelecendo uma solução. É uma ferramenta que ajuda na tomada de decisões, contribui para a priorização de investimentos, e acima de tudo, auxiliar no melhor aproveitamento do emprego de recursos. Além deste sistema, nós temos ainda o SGAV – Sistema de Gestão de Áreas Verdes, para um melhor controle de todos os ativos que falamos um pouco antes. Para que eles funcionem, todos os nossos equipamentos tem chip, o que permite tanto o rastreio quanto a programação de serviços, em um monitoramento realizado em tempo real. Também, nestes mesmos moldes, estamos na fase de implantação de um Sistema de Gestão de Drenagens, o SGDR, e ampliar tudo para todos os nossos elementos, por drones câmeras, para que alimentem, por fim, o Centro de Controle Operacional que está praticamente concluído. Todos os nossos SG’s serão monitorados por ele, incluindo as Obras de Artes Especiais que estão sob a jurisdição da Novacap. Na verdade, a nossa concepção é ampliar estes sistemas de gerenciamento, para que nos auxiliem também à monitorar o estado do calçamento, dos equipamentos públicos como as “academias ao ar livre”, entre outros. Aliás, como falamos em calçamento, as calçadas representam uma demanda crescente, que nos coloca em um ritmo de implantação desses passeios, muito forte, especialmente depois da Pandemia. Até o momento, nós implantamos 376 Km de calçadas, em um esforço que está sendo ampliado, sem contar as melhorias e as conservações realizadas nas estruturas que já existiam, para assegurar uma boa caminhabilidade. Falando um pouco da área de saúde, este é um viés muito importante de atuação da empresa. Estamos construindo, por exemplo 3 hospitais, além das reformas nos que já existem. Para além disso, temos as construções de creches, reformas nas escolas, dos restaurantes comunitários, que constituem esse viés de infraestrutura social que o governador Ibaneis tem.


Falando em linhas gerais, somando todas essas atividades, nós estamos falando de um orçamento mais ou menos de que monta?

Somente este ano, o nosso orçamento vai fechar em torno de uns R$ 900 milhões, e estimamos que no ano que vem ele passe de R$ 1 bilhão, com recursos de fonte oriunda prioritariamente do próprio GDF, da chamada “Fonte 100”. Existem financiamentos da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, também. Mas é sempre muito importante registrar: temos muito foco em eficiência na prestação de serviços, sempre que possível, trabalhando também para encurtar os prazos de entregas das obras. Queremos aumentar os nossos resultados, a nossa produtividade.



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