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Entrevista: Ricardo Nunes

Não sou conduzido. Conduzo.

Determinada e dona de uma forte assinatura cujos traços são originados em uma “verve” nascida no empreendedorismo, a gestão do Prefeito Ricardo Nunes à frente da maior cidade do país, representa uma abordagem dinâmica, contemporânea e avançada, tanto para os conhecidos, quanto para os novos desafios a serem acessados na Megalópole. Dotado de um possante senso gerencial e grande iniciativa, o empresário e político, demonstrou habilidade e competência na montagem e estruturação de suas pastas, obtendo êxitos semeados em meio ao imponderável e à pandemia, com ações assertivas e inequívocas, mas acima de tudo, alinhadas à “personalidade” da capital do mais rico Estado do Brasil. Para conhecer em detalhes as mudanças – em muitos casos profundas - por ele promovidas na administração paulistana, Rodovias&Vias foi ao número 15 do Viaduto do Chá, para encontrar a visão conceitual e a concepção de um plano desenhado com arrojo, para o sucesso.


Rodovias&Vias: Sabemos que o senhor assume a prefeitura em um momento bastante delicado, e em meio à Pandemia do Coronavírus. Sabemos também que foram necessárias diversas ações resolutas e de efeito imediato. Como foram esses primeiros desenvolvimentos?


Ricardo Nunes: Realmente, eu tinha uma relação muito próxima com o Bruno, que transcendia a questão da política, e que era de amizade mesmo, das famílias se encontrarem. Então foi um ‘choque’, pois já vínhamos de um momento difícil, acompanhando todo o sofrimento que ele enfrentou. Encerrado de uma forma abrupta no dia 16 de Maio. Era início de governo, e fomos confrontados com esses momentos, de ter que vencer a perda de um amigo, do luto, e tocar a cidade em uma altura muito grave da Pandemia. Foi uma fase crítica, com uma média móvel de 215 mortes por dia. Mas tínhamos os compromissos assumidos com a sociedade, e para minha sorte, nós tínhamos já montada uma equipe muito comprometida, muito focada e muito competente. Conseguimos tornar São Paulo a ‘Capital Mundial da Vacina’, com uma logística muito importante de vacinação, conseguimos trabalhar no sentido de ofertar leitos suficientes

para que ninguém ficasse desassistido. Essa era inclusive uma das diretrizes, muito claras, que o Bruno tinha deixado para nós, além claro, de nos esforçarmos para combater a fome. Assim, fizemos também uma ampla programação

de segurança alimentar, paralelamente aumentando nossa rede em mais 10 hospitais. Hoje, estamos em uma situação melhor do que a que passamos naquele momento. Posso dizer que nós superamos, graças a Deus. Mas foi um desafio muito duro.


Na verdade, o senhor tem tocado em frente um grande investimento na área de saúde...


Verdade. Eu costumo lembrar, que desde 1554 até 2020, São Paulo dispunha de 20 hospitais. Hoje, nós temos 30. São 10 novos hospitais em 2 anos. Para efeito de comparação, a gestão Haddad, quando foi concluída, tinha entregue 3 UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento). Hoje nós temos 23. Dessas 20 novas UPA’s, de 2017 para cá, inaugurei 9 nesse último ano. Somente hoje pela manhã eu inaugurei mais 2 novos equipamentos de saúde: um centro especializado em dor, o segundo da cidade, o segundo do tipo que eu inauguro este ano, no Capão Redondo, e o nosso 6º CAPS (Centro de Assistência Psicossocial), o de número 6 que eu inauguro em 5 meses, que são equipamentos caros, possuem um alto custo mensal, mas eu considero que são absolutamente necessários, por conta da grande pressão que estamos verificando no sistema, por conta do adoecimento mental, e do crescimento do consumo de álcool e drogas, ambos, possivelmente pelos efeitos da Pandemia. Também, abrimos o Centro de Alta Tecnologia Oncológica Bruno Covas. Aliás, cabe uma explicação aqui: a saúde é dividida em 3 segmentos. Baixa, média e alta complexidade. São Paulo tem, pactuado pelo SUS via lei 8080, sistemas de baixa e média complexidade. A alta complexidade, que são cirurgias, tratamentos oncológicos, e tratamentos mais delicados, ficam por conta do governo Estadual. Portanto, o repasse fundo a fundo do governo Federal para o Governo do Estado tem essa finalidade. No entanto, assim mesmo a prefeitura está fazendo alta complexidade. O Centro de Alta Tecnologia Oncológica Bruno Covas que eu mencionei, foi inaugurado 16 de maio deste ano, exatamente um ano após o falecimento dele e em homenagem à ele. É uma estrutura que atende 10 mil consultas por mês, 4 mil exames e 400 cirurgias. E não é uma estrutura comum. Ela possui todos os equipamentos disponíveis tanto no Hospital Albert Einstein, quanto no Sírio Libanês, com tecnologia de ponta, encontrada nos melhores hospitais do país.


Como o senhor falou em superação, vamos nesta direção. São Paulo é o maior ambiente de negócios nacional de da América do Sul e isto é inquestionável. Era esperada a “retomada em V”. Quais os preparativos adotados, em linhas gerais, para a tão aguardada retomada econômica? Estas expectativas se concretizaram?


Eu vejo que sim. Do ponto de vista da retomada econômica sim. Eu havia já solicitado à nossa secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Aline Cardoso, SMDET), que elaborasse um plano para essa retomada. E efetivamente isso foi feito. Não apenas por parte da prefeitura, em uma iniciativa isolada, mas com entidades representativas e associações de classe participando junto conosco, e isso criou algumas situações: estabelecemos 2 anos sem aumento de tarifa de ônibus, evidentemente com subsídios da Prefeitura, mas em um movimento consertado, inclusive para não contribuir em um processo inflacionário por conta disso. Veja, até hoje a ocupação do transporte público, não voltou ao nível pré-pandemia. Hoje ela gira em torno de 80%, de utilização, houve perda de passageiros. Associado a isso, nós reduzimos algumas alíquotas em várias atividades. Por exemplo, baixamos de 5 para 2% a cobrança em cima de intermediação de serviços por aplicativos, franquias, audiovisual, não corrigimos o IPTU, não fizemos a correção da PGV (Planta Genérica de Valores), além de atuar muito fortemente na questão da desburocratização. Neste sentido, antes levava-se 7 meses para conseguir abrir uma empresa em São Paulo. Hoje, em 23 horas esse trâmite é realizado. E este processo de desburocratização, é um processo que ainda está em desenvolvimento, uma questão muito exigente, por conta da própria conformação do funcionalismo. Na verdade, essa é uma pauta diária, todos os dias eu reitero essa necessidade, de tomarmos todas as ações cabíveis para tornar melhor o ambiente para quem vai empreender aqui na cidade. Ampliamos todos os serviços na área de saúde, por que, afinal, como você mesmo disse, e afinal de contas nós também entendemos assim, é um ambiente, então o gerador de emprego, seus colaboradores, precisam ter um bom acesso a serviços, de saúde, de educação, transporte e mobilidade entre outros. Por sinal, nós aumentamos a oferta de creches, zeramos a espera. Para comparação, em 2016, ainda na gestão Haddad, chegamos a ter 120 mil crianças na fila de espera. Hoje, pelo segundo ano consecutivo, nenhuma criança está fora da creche. No nosso programa “Mãe Paulistana”, já no 4º mês de gravidez, a Mãe pode escolher a creche que ela quer que o filho frequente, para já matriculá-lo quando ele tiver nascido. Então, volta-se a esta questão de ambiente. Por conta de todos esses esforços, muitas empresas vieram para cá, o que acabou aumentando nossa arrecadação, mesmo diminuindo impostos. Fechando isso, São Paulo é o único ente da Federação que é triple A, com baixo nível de endividamento e alta capacidade de investimento. Mesmo Miami, para termos ideia, considerada ultimamente um bom destino para investimentos, cujo prefeito conversei há alguns dias, é double A. Então, temos uma condição muito favorável, com segurança jurídica, com um conselho Municipal de tributos que faz um trabalho sério, com uma questão tributária justa.


Recentemente, a cidade divulgou sua proposta de orçamento para o ano que vem, mas tendo em vista o horizonte de metas 2024.


No ano que vem teremos R$ 95 Bilhões, o maior orçamento da história da cidade. Só em investimentos, serão R$ 11,5 Bilhões, 90% oriundos de recursos próprios, fonte “zero zero”. Em outras ocasiões, nós vimos orçamentos de investimento de R$ 4 Bilhões, R$ 5 Bilhões, mas com contrapartida de governo Federal que às vezes não chegava, enfim. Isso que estou falando é recurso nosso. Risco zero de não ser executado. A não ser que haja questões com órgãos de controle que interfiram em nossa agilidade. Fizemos o chamamento, por exemplo do “pode Entrar” que é o programa habitacional, em Julho. E até agora, isso não foi liberado. A Ponte Pirituba – Lapa, no dia 7 de Abril desse ano, foi o segundo aniversário dessa paralização. Só essa obra, representa um gasto de R$ 250 mil por ano, somente para tomar conta da obra parada. Nós entendemos que os órgãos de controle são fundamentais. Entendemos a importância de um Ministério Público forte. De um Tribunal de Contas forte. Mas o tempo que a população precisa, não pode ficar à mercê de processos morosos. Não nos parece aceitável nem razoável. Por isso, cobramos celeridade. Temos 23 mil pessoas no auxílio aluguel, que poderíamos já estar atendendo, 160 mil pessoas no nosso cadastro da COHAB, uma demanda habitacional na cidade de mais de 400 mil unidades, um mercado aquecido, com demanda, e não conseguimos desenvolver. Então, esperamos que esses órgãos fiscalizadores hajam na velocidade que a cidade precisa. Outro ponto. Os PIU’s – Programas de Intervenção Urbana, segundo nós detectamos, outro exemplo. Havia interesse por conta de mercado imobiliário, por parte de investidores, contudo, não conseguíamos tocar em frente por falta de uma legislação urbanística específica. Quando finalmente conseguimos pôr em pauta, não prosperou, por que o Tribunal de Justiça entregou uma liminar ao Ministério Público, suspendendo a votação dessas intervenções. Assim eu falei com nossa Procuradora Geral, doutora Marina, nosso secretário da Fazenda, o Guilherme e fui à Brasília despachar diretamente com o Dr. Humberto Martins, presidente do STJ, que, diante do exposto, um absurdo, concedeu a liminar para que pudéssemos levar adiante. Assim, já votamos o PIU Central, e serão votados outros, como PUI Jurubatuba também. O PIU Central aliás, foi uma grande vitória, pois não existe nenhuma grande cidade do Mundo que não tenha a sua região central revitalizada. Então, faremos esse grande investimento. Então, reitero o apelo para que se tome mais consciência dessa necessidade de fazer os processos caminharem de forma mais célere.


À reboque de tudo isso, da melhoria do ambiente de investimentos, desburocratização como o prefeito mencionou, nós entendemos que há um processo multilateral e multidisciplinar de modernização, em curso na cidade, que alinha melhores práticas de gestão, ESG, bem como uma forte orientação para um conceito contíguo a tudo isso que é o de smart cities. Como têm evoluído essas questões todas?


Esses são esforços fundamentais. Nós não vamos a lugar nenhum, se não tivermos uma São Paulo preparada, não apenas para a conectividade, mas para as diversas formas dela, e claro, pensada em sua evolução para esse conceito de cidades inteligentes. Para isso, dando um exemplo, além de ampliação dos pontos de oferta de internet, nós temos 1.180 pontos de wi-fi livre na cidade, e lançamos um edital para termos mais 10 mil pontos. Nos ônibus haverá ampliação, da mesma forma. Hoje em circulação, são 13 mil, ônibus, 3,5 mil deles, com wi-fi livre, com a meta de até 2024, todos os veículos terem essa condição. Também, nós fizemos a distribuição de 506 mil tablets e 48 mil notebooks tanto para professores quanto para alunos da nossa rede pública municipal, que tem 1 milhão e 80 mil alunos. Quando fizemos essa distribuição, com conteúdo pedagógico, chip de acesso à internet, para que se possa ampliar a capacidade de conhecimento extra aula, nós identificamos 126 mil alunos que estavam em regiões que não tinham acesso à internet de maneira alguma. Não tinham por perto, uma antena de celular. Foi então que chamamos todas as operadoras, e questionamos todas: não é possível que na cidade mais rica do Brasil, ainda existam áreas “de sombra”, em que as pessoas não conseguem ter acesso. E aí, votamos uma lei, na Câmara Municipal, simplificando a instalação de ERBs (Estações de Rádio Base) e Mini ERBs, reduzindo valores, como forma de incentivo para que esses operadores fizessem a instalação nesses locais. Assim, foram instaladas 286 antenas, oferecendo cobertura total na cidade, com o compromisso, assinado por esses operadores na Prefeitura, de no prazo de 6 meses fazer toda essa instalação. Afinal, nós temos o entendimento de que não adianta haver tecnologia apenas para uma classe ou restrita a um ponto geográfico. Essa tecnologia, e o acesso à ela tem que ser democratizado. Ainda, dentro dessa seara das smart cities, estamos promovendo um amplo programa, da nossa Central de Monitoramento, com a instalação de 20 mil câmeras, dotadas de Inteligência Artificial, e que terão identificação facial, veicular, e com interligação junto à CET, SAMU, ônibus e forças de segurança em resgate, além da implantação de semáforos inteligentes, dentro de uma grande reestruturação do parque semafórico da cidade. Tudo isso, com a instalação de uma rede de fibra ótica proprietária da Prefeitura, com uma qualidade tecnológica ainda melhor. Acima de tudo, estamos promovendo uma mudança cultural, em termos de máquina pública, de fazer com que todos tenham consciência da necessidade desse avanço. E mais uma vez, voltamos à questão de ambiente favorável, saudável ao empreendedorismo, com uma cidade 100% coberta por internet, com wi-fi grátis disponível para todo mundo.


Já que estamos falando de Smart Cities, ficamos sabendo de um app da Prefeitura, que promete uma integração muito interessante quanto aos serviços de mobilidade...


É verdade. O aplicativo deverá fazer a integração de todo o sistema, com situações de circulação de linhas de ônibus, horários de partida, chegada prevista, melhores horários para utilização, e claro, colocar todos os serviços dentro de um único aplicativo. Esse é um dos nossos objetivos. Estamos alinhados à evolução do mundo para melhorar, com uso de tecnologia, o nosso dia a dia, bem como melhorar a nossa prestação de serviços.


Existem diversos grandes empreendimentos em curso, que visam dotar a cidade de uma infraestrutura compatível com uma sociedade mais moderna, cuja dinâmica é muito diversa da que foi encontrada por gestões anteriores. Quais são eles; de que forma eles vêm encontrar a qualidade e as necessidades exigidas pelo novo perfil do público, e como este esforço é escalonado, já pensando em futuros desdobramentos?


São Paulo está fazendo o maior programa de recapeamento de toda sua história. Estamos aí com investimentos perto de R$ 1 Bilhão, até o final da segunda etapa, serão R$ 2,5 Bilhões, totalizando quase 18 milhões de m² de vias pela cidade, uma verdadeira transformação na mobilidade, com ampliação dos BRT’s junto, em um investimento de R$ 4,6 Bilhões que resultarão nos corredores Radial Leste; Aricanduva; M’Boi Mirim; Amador Bueno; Itapecerica; Interlagos; Itaquera; ou seja, é um conjunto de obras importantes para abordar e melhorar essa questão da mobilidade por toda a cidade.


Ainda no tocante a essas grandes obras, não podemos deixar de falar nas obras dos “piscinões”, por exemplo, que visam deixar São Paulo mais resistente às chuvas cada vez mais intensas que têm ocorrido pelas alterações climáticas, muitas delas sem precedentes, correto?


Sim, São Paulo era costumeiramente presente nos noticiários por conta de enchentes e alagamentos em diversos pontos. O prefeito Bruno Covas construiu 14 novos piscinões, nós iremos fazer mais 14, dos quais já entregamos 3 com os restantes a serem entregues até final de 2024, sem contar as obras de micro drenagem. Somente no ano passado, foram feitas 409 dessas, com um grande investimento nos “Jardins de Chuva”, dos quais já entregamos 300.


Jardins de chuva, como assim?


São áreas onde nós retiramos as coberturas impermeáveis, abrimos intervenções até 1,5 metro para baixo da superfície, com colchões drenantes, por fim, arrematando com um jardim, uma cobertura vegetal, para termos uma drenagem de área a mais próxima possível, de uma drenagem natural, e claro, deixar um espaço mais agradável. Mas, voltando ao cerne da sua pergunta anterior, nós estamos – neste momento – com 1.200 obras acontecendo na cidade inteira, desde estas que eu mencionei, até na área de habitação, educação, especialmente nas periferias, onde também estamos atuando muito fortemente em contenção de encostas e elementos de drenagem e recuperação de várzeas de rios. Então, essas são ações que têm apresentado bom resultado, pois observamos, mesmo com o aumento da intensidade das chuvas, como você colocou, uma diminuição de casos de alagamento e enchentes severos. Evidentemente que para resolver 100% ainda demora mais um pouquinho, mas é inegável que já conseguimos avançar bastante. Neste sentido, foi contratado um estudo pela USP, que fará todo o mapeamento das bacias hidrográficas, mesmo subterrâneas, e nos dará condições tecnicamente, de balizar nossas ações. A intenção é termos resultados ainda melhores, portanto, mais à frente. Tudo com recursos, e tudo muito bem desenhado.


A grande densidade e intensidade de tráfego na cidade sempre foi um fator preponderante para uma correta percepção de planejamento e de estratégias de segurança para o trânsito. Neste sentido, sabemos que a chamada "Faixa Azul", vem apresentando ótimos resultados, tanto na pioneira implantação, na Av. 23 de Maio, quanto na novel etapa da Av. Bandeirantes. Quais suas impressões a respeito?


A Faixa Azul é um caso interessante, uma história curiosa. Eu costumo dizer que quem senta nessa cadeira tem dois ouvidos e uma boca, que é pra escutar mais e falar menos. Eu me recordava que tínhamos tido uma experiência na época da gestão do prefeito Gilberto Kassab, mas que não tinha funcionado muito bem. Então, minha primeira resposta, de imediato, foi “de jeito nenhum!” Mas, ocorre que eles insistiram em fazer uma apresentação detalhada, explicando melhor que se tratava de um novo conceito. Lá na CET. Aí então, eu disse, “Ok. Se vocês me convencerem, vamos avaliar maneiras de pôr em prática”. Lá eles demonstraram na prática, com dinâmica feita com veículos, e nós aprovamos essa nova modalidade, calçada em novas técnicas, junto ao CONTRAN e ao SENATRAN em caráter experimental e, ao que parece, estamos obtendo bons resultados. Lembrando que, como se tratava de algo inédito, também dependíamos da autorização do então ministro Tarcísio, que após nos visitar e ver o projeto, conseguiu acelerar o processo de autorização.


O prefeito mencionou um pouco antes, questões relativas à boa saúde fiscal das contas de São Paulo, e iniciativas importantes que acabam atraindo investidores responsáveis. Contudo, é preciso falar um pouco de outro grande parceiro histórico da cidade, que é o governo do Estado, que está sob nova direção. Quais suas percepções sobre este fato?


São as melhores possíveis. Já tivemos a oportunidade de conversar, hoje mesmo ele me ligou, temos conversado bastante. Ele se mostra muito preocupado com a continuidade da Operação Caronte, de combate ao tráfico de drogas na Cracolândia, que é uma ferida exposta. Tivemos algumas intervenções, creio, até motivadas por boa fé em gestões anteriores à nossa, mas que não surtiram os efeitos desejados, pois chegamos a ter aí quase 4 mil usuário de crack em um comércio muito disputado por esses grupos. Hoje, a situação é bem melhor, temos aí cerca de 800 a 900 usuários ainda na área, não permitimos mais a realização da “feira do crack”, e isso, vem dentro de um tripé fundamental. É prisão para o traficante, atendimento ao usuário e a reurbanização da área degradada. Revitalizamos o antigo “Parque do Cachimbo” com equipamentos públicos, e, dentro desse contexto, a parceria com o Estado é essencial. Neste sentido, estamos muito alinhados, compartilhando dados e informações e considero que está caminhando bem a relação com o novo governo. Inclusive, houve um encontro entre as primeiras damas, com minha esposa, a esposa do governador Tarcísio e a esposa do governador Rodrigo Garcia, para alinhar as mudanças e ajustes no Fundo Social, então, todas trabalhando conjuntamente. É tudo muito positivo. Tanto Rodrigo quanto Tarcísio são pessoas de grande caráter, estão performando uma transição profícua e, afinal, acredito muito que o governador Tarcísio fará um bom governo.


Costumeiramente, Rodovias&Vias pede às autoridades do executivo, que manifestem uma mensagem para os empreendedores, em especial aos que se dedicam às grandes obras de engenharia. Sendo assim, qual o recado do prefeito Ricardo Nunes para a comunidade construtiva paulistana, paulista e brasileira em geral?


Uma mensagem muito positiva, de alguém que veio da periferia, do Parque Santo Antônio, que estudou em escola pública e sempre usou o sistema de saúde público, e não tem qualquer vergonha de dizer essa verdade, com todas as letras, muito pelo contrário, tem orgulho. Isso, de verdade, dá uma consciência ainda maior, exata, da necessidade de poder atender – e bem – às pessoas que mais precisam. Fazer, afinal, um governo para todos. Também, na qualidade de empreendedor que deu certo, que montou sua primeira empresa em uma salinha de 2x2 metros, sozinho, e hoje tem filiais em Santos, Guarulhos, Minas, Bahia, Rio de Janeiro, e que sabe o que é pagar uma folha de pagamento, ter que recolher uma DARF, que em suma, sabe o quanto a burocracia é contraproducente especialmente para o pequeno empresário. Então, aqui, nós estamos criando a cultura de que é preciso o poder público atuar de forma mais parceira. Batendo na porta de quem gera emprego, não para trazer dificuldade, mas para se colocar fazendo a pergunta “onde é que eu posso ajudar para que você continue desenvolvendo suas atividades e continuar ajudando a desenvolver nossa cidade?” Fora isso, o recado aos empreendedores, é que tragam muita energia e disposição para trabalhar muito. Por que nós estamos com vários programas que são os maiores da história da cidade. O maior de recape, o maior habitacional. Aliás, para se ter uma ideia, a gestão Haddad, que tinha o discurso de habitação muito forte, entregou 5,5 mil unidades habitacionais em todo o mandato. Nós, entre 2017 e 2020 entregamos 17 mil. Somente neste último ano entreguei 4.620 e estou com outras 17 mil em obras neste momento, tratando de uma PPP para mais 24 mil e elaborando mais um programa que poderá entrar para a aquisição de mais 45 mil unidades. Então, sabemos que essas intervenções em habitação e mesmo outras grandes obras de infraestrutura, como falei, mexem muito com todo o mercado. Então, arregacem as mangas, venham trabalhar conosco, sabendo que São Paulo tem muito compromisso com a ética, está com suas contas em dia, tem seu funcionalismo reconhecido por prestar um bom serviço e, não tenho dúvida nenhuma, que juntos, faremos esta cidade cada vez melhor para todo mundo. São Paulo é a cidade do futuro.

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