Engenharia com sotaque catarinense
Rodovias&Vias, costumeiramente traz em suas páginas os giros de suas equipes pelas Superintendências do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. No heterogêneo, plural e riquíssimo caldo cultural da grande comunidade rodoviarista do país, a agulha da bússola apontou para o Sul, na direção da aprazível (e à época deste registro, bastante molhada) Santa Catarina. Mais precisamente, para que se pudesse conferir os grandes avanços promovidos pela superintendência, no sentido de ampliar as já gigantes capacidades do estado.
Wanderlei Salvador definiu, no artigo "Por que somos barriga verde", um perfil inequívoco dos nativos da terra. Um estereótipo que nasce em campo de batalha, mas que com adição da palavra “trabalho”, resume o patrimônio imaterial de um povo em meia dúzia de adjetivos: lealdade, coragem, disciplina, galhardia, honradez e bravura. Barriga Verde, portanto, um dístico que dá completo sentido à uma parte de estrofe presente em seu hino: "É cada homem um bravo. Cada bravo, um cidadão". Contudo, antes de ir à campo (e efetivamente constatar a veracidade destas definições), é preciso compreender, como todo este potencial pode ser explorado na prática, oferecendo como resultados, as grandes obras federais que estão sendo paulatina e inexoravelmente, entregues nos 4 quadrantes do estado pela Superintendência. Uma história que começa em Brasília, na sede do Departamento, e que tem como um dos seus protagonistas, a figura do jovem e determinado estrategista atualmente à frente do Ministério dos Transportes.
Contextos
Mas esta é uma história, como podemos presumir, que antes de chegar em Santa Catarina, se inicia em Brasília. Oferecendo um panorama ainda mais preciso das evoluções nos últimos anos sob a perspectiva da sede do DNIT, como explica Carlos Antônio Rocha de Barros - diretor da Diretoria-Executiva do DNIT: “O DNIT, em 2023, executou em apenas um ano o equivalente a 2 anos de orçamentos anteriores. Em 2023, nós batemos R$ 14,03 Bilhões, se tratando de investimentos. O que fizemos ano passado foi elevar o patamar do DNIT, dobrando a execução. 2020 foi ainda mais baixo, e é preciso levar em conta que nós tivemos um impacto da Pandemia do Coronavírus também, mas acredito que nós conseguimos ter uma retomada sim, mais digna, em relação aos desafios que temos”. Ainda, de acordo com ele, “Essa foi uma retomada somente possível, a partir da determinação de nosso ministro dos Transportes, Renan Filho e do nosso Presidente Lula, que fizeram com que nós pudéssemos ter uma recomposição, em termos orçamentários, muito além do que a que tivemos nos últimos anos, em uma construção junto ao congresso. Então, houve um processo de transparência, e uma vontade também por parte dos parlamentares, de dialogar de forma proveitosa, no sentido de elaborar a PEC da transição. E isso se mantém em 2024, em termos de orçamento alocado. Neste exercício manteve-se, um orçamento que nos coloca em condições de fazer frente às necessidades. Por isso, creio que 2024 será um bom ano, não apenas para Santa Catarina, mas para o DNIT no país todo”, avaliou, exemplificando: “Nós conseguimos entregar o ‘Contorno do Mestre Álvaro’, que é um empreendimento que perpassou exercícios fiscais, e que, prosperou, graças à firme atuação da bancada do Espírito Santo, que fez a alocação desses recursos, e que afinal com o orçamento recomposto pelo novo governo federal implicou na conclusão desta obra tão importante para a população capixaba. Este é um dos indicativos que temos, de que também foram retomadas as entregas de grandes obras, relevantes, que vão aí representar um incremento da nossa infraestrutura de transportes”. O diretor ainda frisou outros objetivos ousados: “O ministro assumiu o compromisso de melhoria do ICM (Índice de Cobertura de Malha), com a meta de que este chegue à casa de 80% em todo o Brasil. É algo muito significativo, em um momento onde já atingimos melhorias bastante significativa em termos de recuperação. Um bom exemplo, é o que ocorreu em Rondônia, onde saímos de um ICM de cerca de 43% para 83%. São mudanças que são precisamente, resultado da alocação desses recursos, e por termos uma capacidade de performance muito boa nas Superintendências. Temos que louvar a dedicação e o empenho dos nossos servidores. Gente ‘de excelência’ e que está na ponta, nas Unidades Locais e nas Regionais, fazendo um esforço diuturno, à custa de muito esforço profissional e pessoal, pois sabemos que o nível de fiscalização ao qual somos submetidos é bastante elevado”, revelou. Já pelo prisma mais associado à atividade fim do Departamento, Thiago Borges Pitombeira, Coordenador Geral de Construção Rodoviária, explica: “2023 foi muito importante para a CGCON no sentido de ampliarmos nossa carteira. Iniciamos com algo em torno de 130 contratos, finalizando com mais de 170. Ou seja, colocamos ‘na praça’ várias obras importantes para estados como RS, SC, e obras emblemáticas como a Ponte de Penedo, a Ponte Internacional de Guajará-Mirim, em Rondônia, entre outras, como a BR-030 na BA e a BR-226 no Maranhão, que têm caminhado muito bem. Vale ressaltar que somente no orçamento de construção, foram executados mais de R$ 2,5 Bilhões”, detalhou o coordenador, que reforça as boas impressões verificadas por Rodovias&Vias, pelos corredores do Departamento e em suas representações. “Temos a expectativa que isso se mantenha e até aumente ao longo de 2024”. Falando especificamente de Santa Catarina, ele afirma: “A BR-280 é atualmente um dos maiores contratos da nossa coordenação, com quase R$ 1 bilhão em investimentos. Em Santa Catarina há 12 obras nas BR’s 163, 158, 470, 282 e 285, considerando que ainda serão licitados mais lotes, na BR-280, em Jaguará, Porto União e na BR-101,no contorno de Araranguá”, disse. “A carteira, portanto, vai aumentar para este ano”, resumiu o coordenador.
Federais catarinenses
Permitindo uma dimensão mais cronológica do momento atravessado pelo DNIT-SC, o superintendente Substituto e coordenador de Engenharia Terrestre, Izaldo Carlos Kondlatsch, afirma: “Desde a época do DNER (Departamento Nacional das Estradas de Rodagem), e estou falando de 28 anos da minha experiência na autarquia, nós nunca tivemos um orçamento tão bom como o de 2023. Independente de coloração partidária, sob nosso ponto de vista, este é um governo Federal que optou por investir em infraestrutura, portanto. Tínhamos obras aqui no estado que se arrastavam durante muito tempo, e em rodovias importantes. E isso gera um impacto violento, tanto no trânsito, por conta dos desvios consecutivos, quanto para a população em si, que anseia pelo resultado e não o vê acontecer. Sem contar os prejuízos econômicos e ambientais do tráfego parado e a perda de tempo. Então pra nós foi uma grande satisfação poder realizar o que não tivemos condições nos últimos 5 anos ou mais, justamente por conta das restrições orçamentárias”. Fazendo coro ao superintendente Alysson, sobre este aspecto, ele finaliza: “E tudo indica que 2024 também será um ano bom”. Ainda, segundo ele “2023 foi um ano de ajustes. Tivemos que fazer algumas reorganizações na gestão, muito por conta, justamente dos atrasos das obras, como já mencionei. Os problemas vão se acumulando. E nós precisamos encarar esses problemas de forma séria. Desde as execuções contratuais com as empresas até pendências trabalhistas dos funcionários que ficaram paralisados”, recorda o substituto. “Mas nós conseguimos, com diálogo e estudo, ir acessando cada um deles. Apesar de ter sido um ano com muitos recursos, houve problemas em alcançarmos um objetivo importante, que era melhorar a condição da malha. Registramos um ICM ruim, com 13% de malha ruim ou péssima, e isso é inaceitável, e isso se deve ao fato de termos sido praticamente obrigados a envidar muito esforço e dinheiro para atender e sanar emergências, como não se costuma ver. Totalmente atípicas. Praticamente de Novembro de 2022 pra cá não parou de chover. Por isso estamos com 7 pacotes de obras emergenciais, e com mais 3 em vista para serem firmados”, explica o substituto. Em tempo, os próximos 3 pacotes estão sendo preparados para as BR’s 282, 470 e 153”, detalhou.
Operação DNIT
Componente estrutural das ações do DNIT, o serviço de operações é sempre reputado como um dos grandes desafios em todas as superintendências do Departamento. À frente deste quesito no estado de Santa Catarina, o jovem engenheiro Felipe Joenck, analista de Infraestrutura e chefe de Operações, pondera: “Com grande orçamento, vem uma grande responsabilidade. E com as constantes melhorias na malha, aumenta a necessidade de maior controle. Tudo isso gera maior demanda no setor, com mais fiscalização de acessos, de velocidade, de peso e de ocupação em áreas próximas às rodovias. Uma das nossas principais demandas, inclusive, é constituída justamente pelo acompanhamento criterioso de nossa faixa de domínio, que inclui algumas vias marginais e as pistas de entrada e saída dos pontos comerciais e postos. Controlamos, na verdade, todo o tipo de utilização pública da faixa, para que a utilização se dê de forma ordenada e isso inclui as concessionárias (Água, Luz e Gás) além das empresas que desejam se instalar em áreas lindeiras. Este aspecto da faixa de domínio, está sendo constantemente atualizado, trazido à luz dos manuais de hoje, pois temos rodovias que são bem antigas, algumas do tempo do DNER, e ocupações que foram surgindo ao longo do tempo. Então este é um trabalho constante para cadastramento e inventário”, esclarece, abordando ainda um tema nevrálgico onde o padrão técnico das pistas é mais elevado: “O controle de velocidade também representa um ponto forte de atuação. Especialmente por parte da população, de comerciantes, que nos encaminham pedidos para análise, sobre a instalação de radares. Nós estudamos todas essas requisições e, eventualmente, em detectando a necessidade, nós realizamos a instalação, com sinalização e atendendo a todos os fundamentos exigidos pelo CONTRAN. De mais a mais, apesar de toda a polemização que este tema gera, é inegável que eles contribuem para evitar acidentes. Esta é uma constatação”, argumenta, mostrando um lado importante da atuação do DNIT, que é o atendimento direto às manifestações da população. “Mais do que isso, nós levamos em conta a acidentalidade, a criticidade desses acidentes e claro, análise dos fatores de risco, mesmo que no local apontado pela população, não tenha histórico de acidentes, por exemplo. A intenção é sempre educar e não punir. É por isso que um ponto de honra nosso é a sinalização desses equipamentos, inclusive contendo a velocidade que ele delimita para aquele trecho”, explicou.
Vigilantes do peso
Sob o mesmo guarda chuvas do Serviço de Operação, está a pesagem dos veículos de carga. “É uma atribuição importante, por que os excessos, como é de conhecimento de todos, causam muitos danos ao pavimento. Tendo em vista a vida útil, nós vemos como a ausência dessa fiscalização implica em gastos diretos com manutenção e intervenções estruturantes, que passam a ser mais frequentes”, disse. Sobre os equipamentos desta natureza, utilizados pelo Departamento, ele esclarece que se tratam de “balanças móveis, posicionadas e reposicionadas, de acordo com a necessidade. A Polícia Rodoviária Federal, inclusive, é um parceiro importante neste sentido do controle de peso dos caminhões. Tanto é que preferencialmente nós posicionamos esses dispositivos no próprio pátio da PRF. E é um trabalho que tem dado bons resultados”, finalizou.
Em obras: o serviço de Construção
Com diversos empreendimentos correntemente em andamento, como as ampliações de capacidade nas BR-s 470, 285, 163 e 280 entre outras, o serviço que representa o núcleo da engenharia pesada no DNIT, tem também sua porção de desafios assegurada, para além dos oferecidos pela própria natureza da atividade, pelas confusas, atípicas e massivas chuvas na região. “Essas adversidades climáticas, que não são apenas exclusividade daqui, mas a nível mundial, são o principal fator que tem nos atrapalhado. Algo que com uma boa gestão, temos tido êxito em superar. Juntamente à coordenação de engenharia, nós temos conseguido fazer as obras avançar”. Detalha o chefe do serviço de Construção da Superintendência, engenheiro Diego Fernando da Silva que trouxe mais detalhes sobre a tarefa de elevar o nível rodoviário das pistas catarinenses.
Avante na BR-280
“Na BR-280, estamos com 3 lotes, um deles passando por adequação de projeto já em vias de ser concluída para a retomada dos trabalhos, que é o de número 1, de São Francisco do Sul ao entroncamento com a BR-101; o lote 2.1, que vai da
BR-101 à Guaramirim quase chegando em Jaraguá do Sul, em andamento e, onde foram pacificadas as questões ambientais e dos povos indígenas, sendo o segmento onde temos um avanço maior; e o 2.2, que inclui o Contorno de Jaraguá, que também passou por revisões de projeto, já aprovadas, e que também se relacionavam aos túneis, mas que afinal, já possibilitam a abertura de uma boa frente de trabalho para a empresa avançar. Este é um empreendimento grande em seu conjunto, e que, em se mantendo essas boas perspectivas de recursos, associadas às liberações, têm tudo para que caminhemos para uma conclusão em meados de 2025”, explica o engenheiro Diego.
A emblemática BR-470
“Com 4 lotes de duplicação, de Navegantes à Indaial, ela apresenta tanto o Lote 1 como o 2 em um percentual de execução bastante elevado, com uma previsão de conclusão parcial para este ano, ficando alguns remanescentes para 2025. Mas temos a pista praticamente já duplicada até Gaspar. Já nos lotes 3 e 4, verificamos um avanço significativo, pós desapropriações e remanejamento de interferências, e que devem ser entregues no começo de 2026”, relatou João José. De acordo com o fiscal de Obra do DNIT, para a BR-470 e supervisor da Unidade Local de São José, engenheiro João José Vieira, concorda e acrescenta: “A BR-470 teve um desenvolvimento desafiador, pois está inserida em uma área densamente ocupada e implicou em cerca de 600 desapropriações. Então ela passou por um tempo, em gestões anteriores, tendo que vencer esses problemas. Claro, essa é apenas uma das questões. Por exemplo, no lote 1, enfrentamos solos moles, que exigem substituição e que têm um avanço muito metódico, para evitar rompimento. Uma dificuldade de grande monta, de ordem geotécnica e que em um contexto de limitações orçamentárias, representa um risco real e grave para qualquer obra. Isto que nem estou mencionando as questões climáticas, pois estamos na 3ª região mais chuvosa do país em volume de precipitação”, explicou o experiente profissional, que há 44 anos se dedica à construção rodoviária. “Hoje, na BR-470, nós vivemos um momento em que ela foi ‘destravada’. Os trabalhos estão fluindo. Houve a chegada de recursos, mas acima de tudo, houve interesse político em fazê-la fluir”. Avaliou. “Ela possui um histórico de luta, de dificuldades em vários aspectos, com um andamento que levou mais tempo do que esperávamos, por motivos alheios à nossa vontade. Ela nunca parou, na verdade, mas andou com morosidade. Hoje ela é um empreendimento que performa bem”, disse. “Durante as fases em que ela evoluía mais lentamente, nós fizemos adequações e melhorias em projetos, por que a cronologia dela, como se estendeu, acabou mostrando essa necessidade. Também nesse aspecto do tempo, as legislações ambientais foram se aperfeiçoando, e isso também exigiu um esforço adicional. A BR-470 teve que ir sendo adequada por nós, em várias áreas, para que se mantivesse atualizada para seu tempo. Algumas dessas adequações geraram inclusive, mais economicidade para a obra, como nos viadutos da Ari Barroso. Mas estamos caminhando bem”, finalizou.
Expectativa: BR-285
Apresentando muitos desafios sob a ótica geotécnica, com contenções e inovações como a execução em pavimento rígido, “restam pouco mais de 1 Km para encerrarmos a pavimentação da BR-285, com a possibilidade de a entregarmos já agora em março. Claro, ali sofremos com muita interferência por conta das condições climáticas, e nossa estimativa se baseia em uma perspectiva mais otimista, de que estas não persistam em grande intensidade. Mas esperamos que aconteça”, disse o engenheiro Diego Fernando da Silva. Ainda, segundo o fiscal de Obra do DNIT para a BR-285, engenheiro Nevio Antônio Carvalho, “Esta é uma obra que gera bastante expectativa, tanto do ponto de vista do transporte de cargas, quanto do ponto de vista dos traslados turísticos. Certamente, o Porto de Imbituba será um dos grandes beneficiados com essa implantação. O setor produtivo regional terá a capacidade de colocar suas mercadorias de forma mais ágil e segura para seus mercados”, relata Carvalho. “Acredito que para todos nós do DNIT, é um trabalho muito gratificante. Pois quase tudo que é possível ter em uma obra, nós temos ali. Pavimento rígido, flexível, implantação – como no caso dos contornos – atuação em regiões planas e em áreas acidentadas, diversos tipos de solo, pontes, viadutos, que terão um impacto estético na região e que, evitaram a execução de aterros e cortes, impactando menos. Uma obra que teve sim seus percalços, com as restrições orçamentárias, em um segundo momento por conta da necessidade de executarmos contenções inicialmente não previstas, e de fato, ela demorou. Mas nós a vemos chegar, com grande satisfação à sua reta final. A BR-285 foi um empreendimento, do ponta de vista do engenheiro, que aprecia a técnica e se sente motivado pelos desafios, muito interessante. E cabe aqui também à nós agradecer à paciência e cooperação da população, pois ela era o único acesso em praticamente 200 Km.
A comunidade realmente entendeu as dificuldades e torceram por nós. Tivemos ali uma parceria muito boa com a prefeitura”, contou o engenheiro fiscal.
Rota produtiva: a BR-163
Presente desde o início dos trabalhos, o chefe de Serviço de Construção, Diego Fernando da Silva, passou por todas as fases deste trabalho que há muito é acalentado no Oeste catarinense, por ser uma conexão importante para o agro e indústrias. “Tive a oportunidade de acompanhar o encerramento do contrato antigo, bem como a arrancada dela a partir da nova licitação, ali na região do Cedro, um segmento concluído em outubro de 2021. Trata-se de uma obra de adequação de capacidade e restauração, prevendo alargamento de plataforma, implantação de terceiras faixas e travessias urbanas, bem como a restauração da pista em whitetopping, para dar melhores condições de trafegabilidade, dado o alto nível de exigência. Ela deve, portanto, atender bem no nosso estado, a região de Guaraciaba até São Miguel do Oeste”, explica ele.
Novas contratações
“Temos diante de nós mais algumas perspectivas interessantes, como o recente lançamento do edital da BR-470 de Indaial à Campos Novos, que corresponderiam aí, mais ou menos aos lotes 5, 6 e 7 dessa duplicação, bem como o edital de estudos e projetos para a contratação de obras para a duplicação da BR-282, de Lages à São Miguel do Oeste. Então, existe essa possibilidade real de que essas obras venham em um futuro próximo a integrar nossa carteira de contratos”, comemorou o engenheiro, que também foi supervisor de Unidade Local.
Planejamento e Projetos
Sob o chefe de serviço Guido Paulo S. Junior, este setor da superintendência, possui uma ampla programação, de projetos de diversas dimensões a serem fiscalizados. “Estamos atualmente com o segmento Sul da BR-163, incluindo o projeto da Ponte na divisa com o Rio Grande do Sul, bem como a execução de contornos. Também, já contratado e em fase de formalização, já temos o projeto de duplicação da BR-282 de Lages à São Miguel do Oeste, bem como o Contorno de Santo Amaro da Imperatriz, em fase de início, pois já está contratado. Uma obra complexa, que prevê segmentos de túnel”, explicou o chefe de serviço. “A atenção à projetos menores também precisa ser pormenorizada, por que eles compõem, muitas vezes, ligações com outras alternativas de maior volume, como é o caso de uma implantação de uma interconexão em Rio do Sul, que se dará por modalidade integrada, e já está em fase de instrução”, disse. “Também damos apoio à área de construção, no ponto de vista das adequações e revisões de projeto. Afinal, são muitas questões, além da própria defasagem temporal que normalmente eles podem apresentar”, explicou. Ainda, na mira do serviço, estão os avanços na duplicação da BR-470, com a adição de mais 8 lotes. “Além disso estamos trabalhando no projeto de melhoramento da rótula na BR-101 até o Contorno de Florianópolis, com ruas laterais no segmento, aumentando a fluidez e que também se dará por contratação integrada. Será uma forma de disciplinar o tráfego em um local que possui um histórico grande de retenções”, finalizou.
SDRMA: Serviço de Desapropriação, Reassentamento e Meio Ambiente
Com a singela e direta pergunta, “O que trava uma obra”, a chefe do SDRMA, Elen Cristin Trentini, expôs uma resposta crucial, que envolve responsabilidade com o patrimônio natural e social de um dos mais bonitos estados do país. Claro, uma resposta que explicita a inteligente estratégia adotada pela Superintendência, para alcançar patamares de performance condizentes com a disponibilidade de recursos. “Nosso setor, mesmo muito associado à engenharia, é um setor que trabalha com pessoas. Exige sensibilidade e a consciência de que de fato, se está intervindo em propriedades, vidas e suas particularidades, para um bem comum. Para isso, temos uma equipe muito coesa e experiente nesse assunto. É um olhar diferenciado, que extrapola a mera questão de valores. É uma habilidade”, conceitua a chefe. “E este ano, tivemos um trabalho muito importante, que se deu na BR-470. Um case de sucesso, que envolveu uma interlocução nossa com todos os setores da Superintendência. Ali, além da evidente e devida compensação ambiental, em função da duplicação, havia o PBA (Plano Básico Ambiental) Indígena, que previa o atendimento à alguns itens. Estamos falando aí da aquisição de terras, uma delas de mais de mil hectares, e isso envolve tratativas para a efetivação da compra. Além disso, houve a aquisição de veículos que atendessem às necessidades deles. Atendemos neste sentido, todas as normas, com o oferecimento das 4 refeições quando foram convocadas as reuniões com as lideranças e mesmo o fornecimento de cestas básicas. Uma atuação à várias mãos”. Com relação aos veículos, para que a população das comunidades pudesse recebê-los, além da apresentação de condutores responsáveis habilitados, foram realizadas oficinas de cooperativismo, para que fossem criados os CNPJ para a transferência dos documentos. “Tudo isso exigiu um planejamento e a observação de experiência em outros casos. No mais, para todas as nossas obras, temos contratos de gestão ambiental, que validam e comprovam o cumprimento das exigências dos órgãos de fiscalização ambientais. Lembrando que tudo isso tem que ser feito antes da obra começar. É uma preparação determinante para que se defina de que maneira a obra vai avançar. E 2023 foi um ano muito produtivo para o SDRMA, com mais de 200 processos devidamente encaminhados, todos dentro do cronograma. Um investimento da ordem de R$ 106 milhões” detalhou a chefe. Ainda em relação ao trato com a população nativa, o superintendente substituto, Izaldo Kondlatsch, acrescentou: “O DNIT incluiu em sua programação, a construção de viveiros para mudas de espécies endêmicas e de hortas, para ensiná-los a fazer um cultivo que seja sustentável, mas mais produtivo, com técnicas modernas. Também serão construídos galinheiros, tanques, bem como a compra de alevinos, com cursos para todos esses manejos. Então, em acordo com todas as exigências, buscamos cumprir a nossa parte”, pontuou.
Um giro pelas UL’s
A atuação que garante precisão, capilaridade, qualidade e resultados.
Como é praxe para Rodovias&Vias, o dia a dia das obras, necessariamente passa pelos engenheiros e engenheiras que as tornam realidade. Literalmente “os braços do Departamento”, as Unidades Locais consistem em representações essenciais para o bom funcionamento e percepção da “marca DNIT”, em especial para as lideranças e as populações que são diretamente abrangidas pelos seus trabalhos. Rodando todo o estado, para melhor tirar os instantâneos do atual avanço, as equipes realizaram visitas técnicas que colhem, diretamente da fonte, os relatos de um avanço rodoviário que se hoje é uma realidade, em alguns dos casos, há muito era aguardado.
Unidade local de Joinville
Com a malha primariamente em estado considerado bom à razoável (ainda que tenha atacado, a exemplo de outras UL’s, ao menos uma situação de emergência na BR-280), a jurisdição do DNIT em Joinville, possui atualmente 2 lotes em construção, iniciados em 2014, com alguns segmentos a serem concluídos. “Temos pontos sensíveis na questão ambiental, não apenas no que tange às populações indígenas, como também nos cuidados com o Meio Ambiente em geral. O maior programa do DNIT, em termos de recursos investidos para as tratativas ambientais hoje, é a BR-280. Por sinal, os 3 contratos juntos, à preços iniciais, em valores, também fazem da BR-280 a obra mais vultosa em andamento. Com mais recursos disponibilizados, temos a intenção de manter o ritmo forte, cumprindo o cronograma de execução das obras. Temos que acompanhar ainda, algumas desapropriações em áreas mais urbanizadas, como em São Francisco, que vão precisar ser acompanhadas passo à passo para que tenhamos uma cadência sustentável de liberação de frentes para as obras. Onde é possível, buscamos a adoção de um traçado paralelo”, revela a chefe da UL de Joinville Cláudia Elisa Hinsching Pirath. Em um futuro breve, a Unidade Local deve ainda levar em frente mais algumas intervenções importantes para a multimodalidade do estado, com a assinatura dos contratos de duplicação e o futuro Contorno Ferroviário de São Francisco do Sul, já previsto. Uma solução de conflito entre modais, que será resolvida a partir de novos traçados para ambos, em uma região extremamente adensada e com enorme movimentação de pesados.
Unidade Local de Lages
Consolidada e sempre que possível, passando por melhorias como, implantação de acessos, terceiras faixas e vias marginais, a BR-282, principal rodovia sob os cuidados da UL de Lages, tem ainda alguns outros incrementos projetados como a construção de vias inferiores, para eliminar um grande gargalo, representado pela rotatória. “Este é um projeto que está sendo realizado pela prefeitura de Lages, dentro do ‘padrão DNIT’, e que passará por nossa aprovação. Tudo indica que ainda este ano”, explicou o supervisor Enio Jacobos Spieker. “Temos ainda um gargalo importante na chegada à BR-116, que está muito associado às sazonalidades e datas comemorativas, com um acréscimo de tráfego ponderável. Existe um projeto da concessão, ainda não apresentado ao DNIT, para que a concessão execute ali uma interseção em 2 níveis, com vias laterais na BR-282, concomitante à melhorias de acesso na BR-116, pois tanto a travessia, quanto a passagem sofrem neste ponto. Um projeto que aguarda a análise da ANTT”, disse. “Estamos em uma área que possui diversas vocações. Todas muito fortes. Indústrias de diversas naturezas, turismo, comércio e, estamos inseridos entre várias outras cidades que se relacionam fortemente. Tanto no inverno quanto no verão. E isto exerce uma pressão sobre os nossos serviços. Uma demanda permanente, que precisamos conhecer e entender para poder atender adequadamente. É uma região sensível também à questão das chuvas, e por este motivo, tivemos algumas emergências, que tiveram de ser solucionadas por novas contenções, estacas, e outras intervenções desse tipo”. Em termos operacionais, a UL Lages, mantém um monitoramento constante, incluindo a fiscalização e inspeção da faixa de domínio. “Temos aqui dois técnicos que são formados em direito, e na maioria das vezes, questões como acessos que porventura estejam irregulares em propriedades particulares, costumam ser resolvidas amigavelmente, na conversa. Claro, em eventuais processos, nossa equipe consegue bem embasá-los”, relata o supervisor. “Isto não significa que não estejamos acionando judicialmente aqueles que invadem a faixa de domínio. Temos muitos processos desta natureza, a maioria de ocupações mais antigas. Leva tempo, mas eles estão sendo solucionados”, explica. Ainda sobre a BR-282, mas em sua jurisdição contígua, Eugenio Paceli Werneck, analista de Infraestrutura na UL São José, acrescenta: “Por conta desse ‘novo regime’ de chuvas que estamos enfrentando, e que está demonstrando uma tendência à se manter, estamos realizando estudos para a elaboração de um protocolo, com vistas a uma atuação mais preventiva em relação às situações que potencialmente podem se desdobrar em emergências, com um gatilho a partir de uma quantidade determinada de precipitação em milímetros. De mais a mais, estamos atuando fortemente em manutenção e conservação. No encontro dela, com a BR-101, o município de Palhoça está elaborando um projeto de contorno, que deverá ser executado pelo DNIT para solucionar o conflito naquela área, com vias marginais, uma ampliação de capacidade, e que possivelmente terá edital publicado este ano”, disse.
Unidade Local de Rio do Sul
Atualmente com duas obras emergenciais, uma reabilitação de ponte e dois viadutos, contratos de manutenção e restauração, a UL Rio do Sul, também sofreu com as adversidades climáticas em sua malha. “Desde outubro de 2023 em diante, tivemos pelo menos duas grandes enchentes, e um volume incrivelmente alto de chuvas. E isto, é claro se traduz em demandas imediatas para obras emergenciais. Desde intervenções simples, como queda de árvores e carreamento de material para a pista, até rupturas de pista, e colapso de elementos de drenagem. Neste sentido nós contabilizamos cerca de 40 pontos de atenção. Nossa situação geológica é bastante difícil, com a presença de solos moles e taludes instáveis, pontes antigas, como nos segmentos de Ibirama e em Rio do Sul. Houve também locais em que historicamente não apresentavam problemas, mas que nos surpreenderam, como o que ocorreu em Curitibanos. Nunca havia se manifestado nenhuma patologia ali. Mas apresentou um rastejo que, de uma hora para outra, colapsou a rodovia. Foi um trabalho investigativo até, para além dos pontos evidentes, para que pudéssemos determinar o que estava ocorrendo e qual solução a ser definida. Via de regra, existem essas demandas extraordinárias, que nos colocam em uma situação de alerta constante”, disse o supervisor Christiano Zulianello dos Santos. Outra característica no segmento da BR-470, que responde por boa parte das atenções da UL Rio do Sul, o intenso tráfego de veículos de carga – e consequentemente o controle estrito de peso – é uma atividade que faz parte da rotina da UL e é crítica para a performance da pista. Fora estas atribuições, a UL também contribuiu para melhorias urbanísticas, como em Pouso Redondo: “Foi executada uma passagem inferior no centro da cidade, com 550 metros de pistas laterais. Ali, também haverá um aditivo para adição de mais 500 metros de segmento adicional, e que está realmente mudando a ‘cara’ da cidade”, explicou.
Unidade Local de Mafra
Zelando por uma rota essencial para o estado, a BR-280, a UL de Mafra, também está em alertas constantes por conta do, digamos, “novo regime de chuvas”. “De fato, historicamente a BR-280 apresenta uma situação muito sensível, especialmente na Serra de Corupá, com muitas obras de contenção realizadas ao longo das últimas décadas. Uma área difícil de trabalhar e com problemas recorrentes, pois o solo não tem coesão, e onde há rochas, elas são fraturadas. A própria carta geológica já registra uma suscetibilidade alta. Então, não temos como ‘blindar’ a serra. Claro, com muito trabalho em manutenção e muita atenção às drenagens, nós conseguimos bater um recorde de 7 anos sem emergências graves na serra. Em um momento em que o DNIT atravessava restrições orçamentárias sérias. Mas as chuvas de novembro de 2022, em diante, foram absolutamente extraordinárias. Uma quantidade de 400 mm a mais do que a média da região. Totalmente atípico. É importante lembrar, que ela foi uma rodovia construída pelo governo do estado há 40 anos, em um padrão de dimensionamento que já não corresponde à realidade. Não é o tipo de pista ‘padrão DNIT’. Por isso, fizemos algumas implantações, em outras emergências de bueiros metálicos, com uma qualidade muito melhor do que os originais. Neste período, somando todos os pontos mais graves, foram 33 segmentos. Isto sem contar pelo menos uns outros 50 que nós pudemos ir resolvendo com a manutenção”, detalha Adilene Adratt. “Somente em emergências, ao longo de pouco mais de um ano, o DNIT aportou R$ 92 milhões em dois contratos. Mas precisamos lembrar, que estes eventos não pouparam ninguém, independente de pistas concessionadas ou não, duplicadas ou simples. Não custa lembrar que houve interdições totais em diversos pontos. Uma situação à beira do colapso em praticamente toda a região Sul”. Em tempo, a UL também é responsável por retificações de área em estradas de ferro, especificamente nas EF-116 e EF-485. Voltando às rodovias, atualmente há melhoramentos em terceiras faixas e obras de restauração, dentro do escopo de integralidade da jurisdição na BR-280 pela UL Mafra, que passou por uma extensa reforma, que incluiu também significativas melhorias na identidade visual da Unidade.
Unidade Local de Chapecó
Instalada a Oeste do estado, sob a supervisão de André Reitz do Valle, a Unidade Local de Chapecó tem empreendido esforços nas frentes de obra da BR-163. “São obras de adequação de capacidade, para além da recuperação da pista, implantações de terceiras faixas, viadutos, acessos. A BR-163 é uma obra de grande vulto, sendo executada em whitetopping, com a restauração da pista existente a partir de uma camada espessa de concreto, mínima de 23 cm, que oferece uma condição de pavimento muito boa, superior em vários aspectos ao asfalto, notadamente na durabilidade”, disse. “É uma rodovia que já está em um estágio de execução bastante avançado, com mais de 70% e praticamente 40 Km de pista já entregues à sociedade. Estamos destravando algumas questões relativas à travessia em Guaraciaba, com algumas desapropriações, e no momento, vamos avançando em direção ao Porto Seco em Dionísio Cerqueira, sendo tocadas juntamente com algumas interseções remanescentes”, relatou. Ainda, de acordo com a informações, o restante dos segmentos, vem sendo atendido pelos Plano Anual de Trabalho e Orçamento, mantendo a malha jurisdicionada sob boas condições, tendo atendido – de forma bastante atípica para o período – apenas uma emergência de maior monta, tendo conseguido superar as demais exigências, sem a necessidade de contratos específicos para este fim.
Unidade Local de Joaçaba
Sob o comando da engenheira Meire Franceschet do Valle, a Unidade Local de Joaçaba tem dois dos grandes eixos catarinenses sob seus cuidados. “As BR-153 e BR-282, estão sob contratos de manutenção, incluindo um segmento da BR-470, do seu entroncamento com a 282 até o Rio Grande do Sul. Temos também um contrato do PROARTE, de manutenção de pontes, que está atualmente englobando as OAE’s de Chapecó, performando todas as ações necessárias, desde a pintura, até a troca de juntas de dilatação”, explicou a supervisora. Atualmente à frente de uma Unidade que foi totalmente revitalizada, e que é um destaque no contexto das melhorias da gestão, a engenheira detalha: “Nós fizemos uma reinauguração na UL Joaçaba, pois há tempos o prédio pedia uma reforma. Um edifício antigo, que é da época da construção da rodovia. Trocamos pisos, janelas, até a parte elétrica, de cabeamentos, então, nós passamos a ter um espaço melhor, mais qualificado para podermos trabalhar. Dentro do que se espera do DNIT”, sintetizou, no que legitimamente significa, que ao oferecer melhores condições de trabalho, obtém-se rendimento maior. Ainda que a UL Joaçaba seja (até mesmo entre os pares do DNIT), eleita atualmente uma das mais bonitas, vale registrar que todas as ULs, com maior ou menor intensidade, também passaram por melhorias, de acordo com suas necessidades, e segundo Rodovias&Vias pôde averiguar, em ótimas condições de habitabilidade, com pintura nova, muito bem asseadas e, dentro de uma das melhores entre as tradições rodoviárias do Brasil, sempre com um bom café quente.
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