Dos móveis aos automóveis. Do “cheiro dos Vernizes e das tintas”, como atalhou o empresário, engenheiro e poeta ítalo-brasileiro Salvador Arena (Salvatore Arena, fundador da Termomecanica São Paulo e da Fundação Salvador Arena), tanto faz se aplicados à madeira ou ao metal, São Bernardo do Campo, encampa de fato a “Sinfonia da produção” que alcança reiteradas vezes destaque nacional e patamar estratégico mundial. Persistente na “rápida harmonia – alegro pizzicato”, a cidade que se notabilizou por ter na atividade intensa, o arrimo de seu caráter, é hoje a face dinâmica de um estado pujante: “Paulistarum Terra Máter”.
Ainda que tenha contornos de mito - ou épico - dos tempos posteriores ao descobrimento, com o misterioso estrangeiro João Ramalho que chega à terra dos Guaianases (do Tupi gûaîanã) e se enamora de sua Bartira, filha do senhor desta tribo (que se espraiava do atual Rio de Janeiro à regiões do Uruguai), Tibiriçá, casando-se com ela e tornando-se uma figura importante nas relações entre a potência Portugal e esta grande nação nativa brasileira, a história de São Bernardo do Campo até o tempo presente, é uma destas cuja moral avança pela memória e acena com resiliência, paciência e operosidade, à dedicação diária à capacidade transformadora das pessoas e da engenhosidade dos indivíduos.
Vitorioso, o município venceu ameaças burocráticas à sua própria existência, dispensou arranjos e conluios que buscavam diminuir sua relevância, e fincou à golpes de cinzel o registro indelével de sua força nas pétreas tábuas do tempo. Contudo, se o passado inspira, ao mesmo tempo em que exibe uma inquestionável identidade são-bernardense, é na atualidade que se compreende o plano de futuro próspero desenhado e almejado – e com tanto afinco perseguido - pela sua população. Parceiras desde sempre, as engenharias, ofertaram o que de mais precioso tinham a oferecer: a qualificação técnica para os que sempre tiveram o ímpeto de construir seu caminho com suas próprias mãos. A São Bernardo do Campo de hoje, avaliada aqui por Rodovias&Vias sob o prisma de sua infraestrutura, é cosmopolita, sofisticada, refinada, moderna, sem ter se tornado afetada, conservando ainda os trejeitos de “namorada”, que encantaram a personalidade que ajudou a Central de Jornalismo deste periódico a iniciar esta reportagem.
Entre São Paulo e Santos
“Abençoada” também pela localização estratégica, entre a maior cidade do Brasil e o maior Porto do país, “São Bernardo”, definitivamente larga com o pé direito firmemente fincado no acelerador dos anos 1950 em diante, com a instalação da primeira fábrica da Volkswagen fora da Alemanha. Precedida pela Varam Motores (de início produzindo caminhões e automóveis Norte Americanos da Nash, e depois ampliando a oferta para veículos FIAT e Jipes Nissan Patrol em regime CKD – Completely Knocked Down – ou completamente desmontados, o que a caracterizava como montadora) e Brasmotor (firma que deu origem ao conglomerado Brastemp e que inicialmente montava e distribuía produtos da Chrysler Corporation), à “Volks”, seguiram-se operações da Willys-Overland, Toyota, Mercedes Benz, Scania, Karmann-Ghia, Simca, Ford e a nacional IBAP, Indústria Brasileira de Automóveis Presidente, que apesar da vida curta e turbulenta, quase chegou a produzir o primeiro automóvel projetado (de acordo com fontes da revista Quatro Rodas) no Brasil, o Democrata, que à época pretendia ser o mais luxuoso veículo disponível por aqui. Evidentemente, que a instalação de todo este enorme Parque Industrial, a entrega da Via Anchieta (ou SP-150, já em 1947), o “maior corredor de exportação da América Latina”, e a consequente atração de empresas de periféricos e peças automotivas (e claro, toda a estrutura de suporte a este pessoal), foram capazes de disparar o crescimento da “Detroit Brasileira”, cujos efeitos reverberaram mais fortemente nos anos 1960, 1970 e 1980. Hoje detentora de um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) altíssimo, de 0,805, a cidade beira os 850 mil habitantes, tendo partido de apenas 40 mil nos anos 50.
Um passado recente
É difícil crer que tanta vocação para o sucesso tenha sido temporariamente colocada em um hiato, por práticas de gestão pública antiquadas, que não foram capazes de tirar máximo proveito de uma situação tão privilegiada. Vítima do próprio crescimento, São Bernardo do Campo, mais uma vez em sua trajetória, atravessou um período de agonia, com uma visão pobre para a eleição de prioridades e má alocação de recursos, resultando em um cenário de ocupação desordenada, obras estruturantes inacabadas e eventos terríveis, como grandes enchentes. É claro que o município – como tantos Brasil a fora - sofria com as “dores do crescimento”, comuns às grandes metrópoles do globo. E neste contexto, se fez necessário repensar a abordagem dos problemas da cidade, que precisariam ser atacados de forma mais sistemática, metódica, disciplinada e mais profissional. Mais adequada, portanto, ao nível de desenvolvimento que se pretendia e que finalmente hoje se apresenta: do déficit ao superávit. Do abandono, à inclusão. Da decadência e poluição, ao crescimento sustentável. Com responsabilidade fiscal, transparência e naturalmente, muito, muito trabalho.
Plano mestre
“Desde o começo da nossa gestão, ficou muito claro que havia uma grande carência de organização de longo prazo. Detectamos também vários grandes empreendimentos paralisados. Obras com diversos recursos oriundos de financiamentos externos, como do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), recursos do Governo Federal. Então esse primeiro período nosso, foi retomar, concluir e entregar essas obras, pois muitas estavam causando transtornos, com muitas peças já fabricadas, dispostas ao longo de vias, com grande prejuízo ao tráfego, acumulando lixo e todos os outros problemas que um projeto inacabado oferece, por que na prática, além de não servir ao propósito inicial, atrapalha outras coisas. É a antítese da obra, afinal”, revelou à Rodovias&Vias o engenheiro e experimentado gestor público, Delson José Amador, secretário Municipal de Transportes e Vias Públicas de São Bernardo do Campo, ex-superintendente do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER/SP) e da extinta (e atualmente em fase de liquidação) Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). “Entre essas obras, especificamente falando em termos de viário, podemos citar o “Complexo Castello Branco, que é uma interligação Leste-Oeste, o viaduto Mamãe Clory (nomeado assim segundo uma personalidade da filantropia, muito conhecida na cidade), o viaduto da Praça dos Bombeiros, e o Tereza Delta (novamente, um traço inequívoco dos são-bernardenses em valorizar a própria história, homenageando uma das primeiras prefeitas do Brasil), um segundo viaduto sobre o sistema Anchieta. Todos eles com a função de fazer o fluxo de veículos na cidade ‘respirar’ melhor”.
Delson José Amador, Sec. de Transportes e Vias Públicas de São Bernardo do Campo
Obras da Marginal Ribeirão dos Couros
Disciplinando águas
Além destas intervenções no viário, foram tomadas medidas para finalizar também um enorme reservatório para controle de enchentes, uma ferida aberta, literalmente de fronte ao paço municipal e, uma questão de honra para o prefeito Orlando Morando que, visivelmente incomodado, disparou, no seu estilo sempre direto, quando da primeira visita de Rodovias&Vias à prefeitura na atual gestão, que “aquilo era um absurdo à céu aberto” e que iria “resolver de vez” aquela “cratera”. Homem de palavra, de fato a obra (ou melhor, a laje que cobre a estrutura do reservatório), hoje é um amplo espaço utilizado para eventos e um local onde a prática de esportes como skate (há uma pista especial próxima, especialmente dedicada ao esporte, também próxima à Prefeitura) e passeios de bicicleta são bastante comuns a qualquer hora do dia. Um verdadeiro espaço de convívio social e ponto de encontro da população, a chamada “Praça do Paço”. De acordo com o secretário Delson, “Essa era uma obra muito importante para disciplinar as águas, pois devido às características de relevo do centro de São Bernardo, que por uma questão topográfica, fica no meio de um ‘vale’. E toda água no período de chuvas corria, consequentemente para lá. Houve até afogamentos. Então, foi realizada não apenas a finalização correta do grande reservatório, seu fechamento, e a construção de galerias para direcionar o volume excedido e contido por ele, para o córrego ‘Dois Meninos’, na divisa com Santo André, finalmente desembocando no Tamanduateí. Eram intervenções que contavam inclusive com recursos do governo Federal, sem nenhum tipo de contrapartida por parte do município. Então, fica difícil entender por quê elas não foram executadas antes. Naturalmente, este empreendimento, compôs a lista de itens a que me referi um pouco antes, de projetos inacabados a serem o quanto antes possível, terminados e entregues à população”, falou o engenheiro, que teve este projeto redirecionado para a pasta sob seu comando. Este grande projeto, foi tocado em frente com a utilização de recursos levantados junto à Câmara Andina de Fomento (CAF, atual Banco de Desenvolvimento da América Latina), em um primeiro financiamento junto a eles obtido. “Outra obra importante nesta questão trazida para nós, foi o adequado tratamento, canalização, laje de fundo e retificação do Ribeirão dos Couros. Uma área que apresentava muitos riscos de enchentes e inundações, junto a áreas residenciais de menor renda, e constitui, bem dizer, a divisa entre São Bernardo e Diadema. Para tal, fomos obrigados a fazer uma rescisão unilateral de 2 contratos, para procedermos às novas licitações e sua efetiva conclusão, prevendo ainda uma outra para a instalação de um viário, amplo, com 3 faixas em cada margem, que contribuirá para fazer um desvio para o tráfego de passagem que tem como destino a cidade de São Paulo. Da Avenida Piraporinha ao Km 16 da via Anchieta, que têm um movimento muito intenso, congestionado, logo em frente à fábrica da Mercedes. Um viário em ambas as margens desse Ribeirão. Além disso, haverá um viaduto sobre esta Avenida que irá se conectar, via Avenida Robert Kennedy, que também será recuperada dentro do mesmo contrato, à este viário que está sendo implantado”, registrou o secretário Delson.
Saída e chegada
Este novo complexo, também contará, segundo informações da Secretaria, com o primeiro viaduto estaiado de São Bernardo do Campo, uma tecnologia cuja opção se deu por conta da impossibilidade de interrupção do tráfego durante sua construção. Constituído de uma plataforma reta, construída em balanço sucessivo, e com o encontro das frentes por sobre o viário já existente. “A intenção deste segundo plano e dos empreendimentos que o compõem, é resolver problemas, não de ir tratando deles com paliativos”, fez questão de registrar o secretário Delson. Com estas intervenções, haverá eliminação do chamado “tráfego de passagem” da região central, diminuindo também, conflitos. “Nós precisamos ter em mente, que nós temos que olhar a questão do automóvel muito atentamente. Há contagens aí que revelam cerca de 600 mil veículos registrados em São Bernardo do Campo, além de contagens que mostraram uma frota equivalente a essa como sendo adicionada ao viário local todos os dias. Pessoas que precisam acessar outros municípios, como Santo André e São Caetano, que hoje têm que praticamente atravessar São Bernardo do Campo. Um tráfego que não tem nem origem nem destino aqui, mas cuja confluência na cidade influência de forma muito negativa a nossa fluidez. É ruim, portanto, tanto para os nossos residentes, quanto pra quem vem de fora. E a solução é obra de arte, não tem jeito”. Quando concluídas, essas modificações profundas serão capazes de diminuir tempos de viagem e, afinal, requalificar a experiência de trânsito na Cidade.
Reengenharia financeira
É importante ressaltar a ciência e a responsabilidade com que todos estes empreendimentos são tocados pela Cidade, uma vez que a própria administração pública reconhece as dificuldades atravessadas pelas empresas do segmento de engenharia pesada, desde as disciplinas de projeto às que possuem qualificação para avançar e se qualificarem para este cenário de grandes obras: “Há uma compreensão de que em sua maioria, esses prestadores de serviços de engenharia, encontram-se descapitalizados. Desta forma, a gestão financeira, dentro de uma política de pagamentos ajustada, que visa disponibilizar os recursos em dia para este prestador, é um fator essencial para um cronograma de trabalhos que funcione”. Vencer este “loop técnico”, é especialmente importante, uma vez que a higidez, além de constituir uma questão essencial para toda uma corrente produtiva, também é altamente influente sob o prisma de tomada de recursos de entidades financiadoras – dentro e fora do país – entre outros quesitos a serem endereçados pela gestão: “A nossa credibilidade, perante essas instituições, efetivamente somente se deu a partir do momento em que sinalizamos que íamos retomar o que havia sido estancado em termos de empreendimentos. O produto deles, afinal é dinheiro. A pior coisa que pode acontecer na perspectiva de uma instituição dessas, é eles terem um recurso carimbado, e o gestor ao qual esse recurso foi destinado, não performar. Os coloca em uma situação de não poder realocar este recurso para outro tomador, o que é prejudicial, por que o montante que fica parado não rende os dividendos. Então, naturalmente que as instituições, ao perceberem a nossa vontade de fazer acontecer, de tocar essas obras, voltaram a trabalhar conosco. E com austeridade e pontualidade, fomos capazes também de ir melhorando nosso rating, recuperando o nosso score, o que nos colocou em uma posição melhor hoje, em termos de possuirmos musculatura e capacidade para a tomada de novas captações”, falou o secretário, que acrescentou: “parece algo simples, até óbvio, uma questão de estabelecer compromissos e cumpri-los. Hoje nós podemos dizer que São Bernardo honra seus acordos, e isso é a base para uma administração bem-feita”, finalizou o secretário.
Somente o necessário
Se por um lado o secretário Delson refere-se à austeridade (em uníssono ao chefe do executivo, Orlando Morando), coube à este último, traduzir em ações, com a experiência como empreendedor por formação, a correta acepção deste termo na esfera da prestação de serviços por parte da Prefeitura. Confrontado com restos a pagar de R$ 196 milhões de 2016 para 2017, um rating D- (atribuído pela Caixa Econômica Federal) e apenas R$2,9 milhões para investir, a gestão não perdeu tempo em “cortar na própria carne”, eliminando supérfluos sem hesitar, gerando uma economia aos cofres públicos da ordem de R$ 102 milhões nos 100 primeiros dias de governo, superando a marca de R$ 1 milhão por dia, audaciosamente definida por Morando. Como? A lista é longa, e vai desde a renegociação de contratos e dívidas (por incrível que pareça, a prefeitura correu o risco real de ficar à luz de velas por falta de pagamento de luz), ao corte de celulares corporativos e a adoção de diário Oficial Eletrônico, entre outros, como o congelamento de cargos comissionados e mesmo a rescisão de contratos de locação de veículos. Tudo feito com aprovação na Assembleia, contando inclusive com votos favoráveis de oponentes do espectro político, tamanha situação desafiadoramente crítica em que a cidade se encontrava. A propósito, para diminuir a “conta de Luz”, a Prefeitura se valeu de um raciocínio bastante similar ao que qualquer cidadão que tenha dó do próprio bolso usa: promoveu a troca de boa parte do parque de iluminação por lâmpadas de LED (41%, em um processo que está em andamento, e chegará em 2024 à 100%), gerando uma economia de mais R$ 600 mil ao mês.
Viaduto da Avenida Rotary
Requalificação econômica
De fato, além de ser exímia com relação à disposição para o trabalho, São Bernardo do Campo, é também muito boa com números. Falando neles, o município que foi exitoso em requalificar sua economia, registra alguns bastante impressionantes, neste 2022, como a atração de R$ 9 Bilhões em investimentos (de acordo com levantamentos da Fundação Getúlio Vargas – FGV), entre montantes oriundos da iniciativa privada (R$ 6,5 Bi); públicos (R$ 2,2 Bi) e parcerias (R$ 3 Bi). Mais do que transparência e higidez, como dito pouco antes, a cidade se beneficia de uma nova abordagem política, que desburocratizou a emissão de licenças, tornando o ambiente mais propício para os negócios, ao também conseguir expandir, para além da natural e perene vocação industrial (que notadamente sofreu com o advento da Pandemia do Coronávírus), uma tendência de alta atividade “Na contramão da crise e driblando a recessão”, para setores de serviços (quase uma consequência do primeiro) e logística (um passo bastante natural e orgânico igualmente). Tudo isto, somado à política de incentivos fiscais, com descontos progressivos no IPTU para empreendimentos geradores de posições de trabalho, que resultou, nos últimos 2 anos na abertura de mais de 36.800 novas empresas. Único município do grande ABC a figurar em outro levantamento, este da consultoria Urban Systems em pareceria com a revista Exame, São Bernardo também, justificadamente, teve conferido para si o orgulhoso epíteto de “Melhor Cidade para Negócios na Área de Indústrias”, chancelando mais uma vez sua posição a nível nacional como um dos mais possantes polos industriais do Brasil.
Mobilidade: o movimento da vida
Dentre o rol de obras paradas (algumas até o início da primeira gestão Orlando Morando, sequer iniciadas), e com recursos disponíveis já empenhados (neste caso do BID), estava uma completa requalificação e reestruturação do Transporte coletivo, incluindo não apenas a adequada implantação de vias específicas e exclusivas, como a ampliação de capacidade dos (poucos) corredores existentes, além de terminais. “De fato, não existia esse tipo de estrutura em São Bernardo do Campo (terminais de ônibus). Então foram construídos dois deles, sendo que um ainda não entrou em operação, por que sua execução caiu neste momento de grande escassez de componentes, que afeta não apenas os empreendimentos, mas as indústrias em geral. A parte civil já foi construída, contudo, resta ainda uma cabine blindada de entrada de energia, já adquirida, porém o fornecedor ainda não conseguiu entregá-la por falta de componentes até o momento, mas a gente acredita que isso deve ocorrer em um breve espaço de tempo”, comentou o secretário. “O outro terminal, já entregue, fica na Estrada dos Alvarengas, e por uma questão de estratégia, foi transformado em um terminal rodoviário, intermunicipal, para retirar o tráfego dos grandes ônibus desse tipo de transporte da nossa região central”. Parte deste pacote, também contemplou os eixos de BRT’s (ônibus expressos, Bus Rapid Transit, com paradas rápidas), com o terminal João Firmino. “Dentro deste pacote de mobilidade estavam contempladas as faixas com corredores exclusivos, como as que partem da Praça Giovani Breda. O próximo passo desses investimentos, um outro grande pacote de obras a ser anunciado em breve, é a continuação da ampliação da Estrada dos Alvarengas, um segmento bastante longo, que atende cerca de 100 mil pessoas em vários bairros, já contratadas e com edital pronto para ser lançada, até a divisa de Diadema. Outra via extremamente importante para São Bernardo, em região Central, que sai da área de abrangência do Paço, também contemplada, passa pela Avenida Vergueiro, em direção à Rudge Ramos que vai até a Anchieta e segue à São Paulo, lá na Vila Mariana”. Com a primeira fase concluída, foi revisada o que é considerado o embrião de um plano de mobilidade. “Outro desafio, com exigência de lei Federal, era justamente um plano de mobilidade propriamente dito, capaz de apontar diretrizes para o futuro, e abrange toda a questão de mobilidade do município, com um desafio que ficou muito evidente durante o período de Pandemia, que era o transporte individual, especialmente por pedal, que exigem um planejamento muito criterioso para serem estudados para a adequada implantação de suas estruturas, as ciclofaixas e ciclovias”, avaliou o secretário, mencionando questões legais que, no caso de descumprimento, tornam impossível a tomada de empréstimos e recursos por parte do orçamento da União. “Então, nós estamos preparando o município para o que pode acontecer para os próximos 15 anos, utilizando simulações, modelos e programas digitais de grande capacidade, identificando ações para horizontes de curto, médio e longo prazo, a partir das perspectivas dos modais diversos e suas interrelações”. Em meio a estas intervenções pesadas, há ainda um tratamento importante a ser dado à Via Anchieta, que possui cerce de 40 Km inseridos dentro do contexto urbano de São Bernardo: “O principal desafio até um horizonte de 2030 é precisamente esta via. Existem vários acessos, alças, que não foram realizadas, ou ao menos não na sua totalidade. Ao longo do tempo, essas áreas no entorno foram sendo ocupadas, inclusive com edifícios que nos impedem de completá-los. Neste contexto, há desapropriações que são inviáveis. Logo, concluímos que nós precisaríamos começar a atacar obras estruturais no sentido de trazer mais conforto”.
Plano de recuperação viária
Com pouco mais de 1.100 Km de vias, São Bernardo também carecia de uma programação mais consistente quanto à recuperação do pavimento de suas vias públicas em pouco mais de 400 Km². “Como um exemplo, temos Osasco, com um número equivalente de habitantes, porém com uma área de cerca de apenas 70 Km². Então, desde o começo, nós já tínhamos também detectado a necessidade de melhorar a qualidade do pavimento nas vias urbanas. A partir disso, estabelecemos etapas de intervenção nessas vias. Algo que se deu logo em seguida à retomada das obras inacabadas. Está sendo uma programação muito grande, feita em parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), para evitar qualquer tipo de retrabalho dela que por ventura pudesse ocorrer em uma via já recuperada, em ações que foram concatenadas previamente. Hoje nós estamos aí em um percentil de
40% dessas recuperações já executadas”, estimou o secretário, que ainda revelou que este se trata de um marco histórico, pois consiste no maior programa de recuperação viária já promovido na existência do município, e que ainda terá muitos desdobramentos, mesmo em áreas mais sensíveis, como ele explica:
“É uma programação ampla, que avançou com todos os cuidados ambientais atendidos, uma vez que nós temos uma parte ponderável do Município em área de manancial, protegida, que a propósito é a maior extensão limítrofe à Represa Billings, e com até mesmo uma parte de sua área, posterior à ela, que segue ao alto da Serra e vai até a divisa com Cubatão. Uma área que possui residentes, cerca de 20 mil pessoas, e que precisam ser atendidos, porém, tomando os cuidados para que a mancha urbana para lá não cresça. É uma área de vigilância permanente, cujo único acesso se dá por balsa, operada pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE, vinculada ao governo do Estado de São Paulo), além claro, de Bairros em situação de divisa com outros municípios”, disse. Ainda pelo prisma humanitário (que avança ao meramente social), a sensibilidade da gestão, possui um alcance muito maior, que atenta também para problemas mais imediatos, contando por exemplo, com dois restaurantes “Bom Prato”, em parceria estabelecida com o Governo do Estado, e que servem mais de 1,5 mil refeições a preços simbólicos, mostrando definitivamente, que a gestão só é boa realmente, quando é completa e atende todas as camadas do tecido social.
Alívio imediato
Na intensa dinâmica de obras da prefeitura São Bernardense, durante a compilação, levantamentos e estruturação da presente edição, os empreendimentos entregues pela cidade inteira, como esperado, não cessaram. Em uma ocasião emblemática, tanto desta afirmação, quanto dessa capacidade de realização, foi inaugurada e liberada para o tráfego, o complexo de ligação da Av. Prestes Maia à Via Anchieta, naturalmente, com a presença do prefeito Orlando Morando, Acompanhado do secretário de Transporte e Vias Públicas, Delson José Amador. De acordo com informações da prefeitura, “a abertura da nova configuração, que compreende a duplicação da Avenida Newton Monteiro de Andrade, no Centro, viabilizando a ligação direta do Complexo Tereza Delta com a Avenida Prestes Maia (...) vai otimizar o deslocamento dos motoristas que saem da Via Anchieta com sentido à região central da cidade e vice-versa”. “Sem dúvida uma grande melhora no fluxo do trânsito da nossa cidade. Uma das importantes obras viárias do município. Moradores do Centro, Nova Petrópolis, Santa Terezinha, Vila São Pedro e adjacências vão ter um impacto positivo neste deslocamento, otimizando, e com acesso rápido”, pontuou o chefe do Executivo. Ainda, segundo o município, “Entre as intervenções viárias no local, incluindo recapeamento asfáltico e desapropriações, a obra recebeu investimento de aproximadamente R$ 80 milhões. A nova Newton Monteiro de Andrade totaliza 1,5 Km de extensão, terá duas faixas de rolamento em cada sentido e um corredor de ônibus que permitirá ligação direta até a Rua Tiradentes, no Jardim Irajá, além do canteiro central”. Da concepção à entrega da solução, houve um hiato bastante curto, considerando a natureza das intervenções e o modo como obras públicas – em termos gerais, a nível nacional – costumam caminhar: “Foi em torno de um ano e meio de trabalho intenso para viabilizar toda a intervenção. Também tem a nova sinalização. São três faixas de rolamento para a saída e entrada do município, que representará grande melhoria”, frisou o secretário Delson José Amador. A Prefeitura também tem aplicado investimentos em outras obras de drenagem e de mobilidade urbana na região central, como a canalização do Córrego dos Lima, situado entre a Rua Jurubatuba e a Avenida Brigadeiro Faria Lima, vias historicamente castigadas pelas chuvas. As intervenções somam R$ 6,2 milhões em investimentos e também estão em fase final. A administração deu início ao recapeamento asfáltico de toda a extensão da Rua Jurubatuba e de dezenas de vias do entorno, por meio do Programa Asfalto Novo (R$ 10 milhões).
A CASA É MINHA
Maior regularização fundiária já realizada. São Bernardo está próxima de alcançar 30 mil escrituras de moradias concedidas desde 2017.
VIADUT0O MAMÃE CLORY (BAIRRO ASSUNÇÃO)
24/08/2018 – Entrega do Viaduto Mamãe Clory (na Avenida Robert Kennedy) e a duplicação e pavimentação da Avenida José Odorizzi, no bairro Assunção. O Viaduto Mamãe Clory - sobre a Avenida Robert Kennedy - possui 155 m de extensão e vão central de 45 m e a duplicação e pavimentação da Avenida José Odorizzi conta com 2,5 Km de duplicação, 1,8 Km de novas redes de drenagem, foram utilizadas 10 mil toneladas de pavimentação, 500m³ de muros de concreto e nova iluminação pública. Investimento de R$ 44 milhões.
CICLOVIAS
Em 2018, o município possuía 1,5 quilômetro de ciclovias e ciclofaixas. Atualmente, são 12,3 quilômetros no total. A ampliação da malha cicloviária está prevista no âmbito do Plano Municipal de Mobilidade Urbana, cuja revisão está em tramitação. Também possui três bicicletários: (Praça Ibrahim de Almeida Nobre, Parque Cidade Raphael Lazzuri, no Jd. do Mar; Parque Municipal Engenheiro Salvador Arena, no Rudge Ramos; e Parque das Bicicletas, no Jd. do Mar).
CORREDORES DE ÔNIBUS
Já entregues: Corredor João Firmino (julho de 2018), Corredor Alvarenga (novembro de 2019), Corredor Rotary (maio de 2020), Corredor Anchieta-Imigrantes (maio de 2020), Corredor São Pedro (junho de 2020), Corredor Galvão Bueno (junho de 2020), e Corredor Rudge Ramos – trecho da Igreja São João Batista (agosto de 2020) e trecho Vergueiro (abril de 2022).
CONVÊNIO SABESP
31/4/2019 – Convênio para empenho de R$ 1,746 bilhão em investimentos da Sabesp. São investidos R$ 600 milhões para o serviço de abastecimento de água e outros R$ 867 milhões para coleta e tratamento de esgoto. Outros
R$ 278 milhões serão destinados para ações de bens de uso geral e renovação de ativos. Incluindo melhorias no sistema de abastecimento e de saneamento básico, além da recuperação da malha viária em uma parceria inédita entre a Prefeitura e Sabesp, por meio do Programa Asfalto Novo (2 milhões de quilômetros quadrados recuperados por diversos bairros da cidade).
VIADUTO JOÃO FERNANDES FILHO (COMPLEXO CASTELO BRANCO)
03/08/2019 – O Complexo Castelo Branco, no bairro Alves Dias. A inauguração do trecho de interligação passou a se somar a outras grandes conquistas já finalizadas na região, como o Viaduto, a duplicação das avenidas José Odorizzi e dos Flamingos, além do prolongamento da Avenida Oswaldo Fregonesi e da canalização da Linha Camargo, em um pacote de investimentos que supera
R$ 52 milhões. Em julho de 2021, o local recebeu a denominação João Fernandes Filho (pai do vice-prefeito, Marcelo Lima, e que faleceu em 2020, em decorrência da Covid-19).
VIADUTO JOSÉ GOMES DA SILVA (PRAÇA DOS BOMBEIROS)
01/09/2019 – Viaduto inaugurado que conecta as avenidas Rotary e Luiz Pequini. o equipamento viário recebeu investimento de R$ 81,5 milhões, com recursos da Confederação Andina de Fomento (CAF) e contrapartida municipal. O viaduto vai beneficiar de forma direta os moradores dos bairros Centro, Ferrazópolis, Vila São Pedro, Jardim Irajá, Vila São José, Jardim Regina e Parque São Bernardo.
RECUPERAÇÃO DA ESTRADA MARCO POLO
14/03/2022 - Investimentos de R$ 3,6 milhões, por meio de emenda parlamentar do deputado Alex Manente. Obras envolveram 4 km entre o cruzamento com a Estrada Galvão Bueno, no Batistini, até o acesso ao trecho sul do Rodoanel. Foram feitas melhorias de drenagem, e revitalização de calçadas, guias e sarjetas. Também receberam novo asfalto trechos de outras três vias que estão interligadas.
PISCINÃO DO PAÇO (FIM DAS ENCHENTES)
20/08/2019 – Com capacidade para armazenar 220 milhões de litros de água. O equipamento conta com um túnel de 950 metros de extensão, 6 metros de diâmetro e 18 metros de profundidade, que liga a galeria de interligação na Alameda Glória até o Paço. Construído embaixo da esplanada do Paço que contará com 24 mil m². Para execução dos trabalhos foram utilizados 2.500.000 kg de aço e 29.000 m³ de concreto. Foram investidos R$ 353 milhões, além de melhorias em áreas de risco da cidade, tais como a construção de taludes em ao menos 30 pontos do município, com um investimento superior a R$ 60 milhões.
URBANIZAÇÃO DO NÚCLEO DIVINÉIA/PANTANAL
20/02/2022 –Investimento de R$ 16,9 milhões. Local ganhou infraestrutura completa, com rede de drenagem, água, esgoto e pavimentação, além de
regularização fundiária.
VIADUTO TEREZA DELTA (KM 21 DA VIA ANCHIETA)
24/04/2020 – O novo Complexo Tereza Delta, localizado no km 21 da Via Anchieta. Considerado o projeto de maior investimento na área, com aporte financeiro de R$ 168 milhões, o sistema viário passou a oferecer 5 novos acessos a população, permitindo assim, mais fluidez e rapidez no deslocamento de aproximadamente 46 mil motoristas que trafegam pela região diariamente, além de passageiros do transporte público, por meio do Corredor Anchieta-Imigrantes.
O que está por vir: a próximas entregas e os principais projetos em andamento (2022 – 2024)
PONTE ESTAIADA
Viaduto vai otimizar o deslocamento para quem segue para os bairros Paulicéia e Taboão, desafogando o tráfego na Piraporinha. Novo eixo viário vai atender a uma média diária de 20 mil viagens por dia. As intervenções somam mais R$ 133,3 milhões.
ACESSO NO KM 16 DA ANCHIETA
Investimento de R$ 6,9 milhões na obra, sendo R$ 5 milhões encaminhados pelo deputado federal Alex Manente. Projeto prevê a implantação de alça de acesso pela rua Comendador Pinoti Gamba, na Vila Mussolini, e recomposição do pavimento das alças já existentes. Prazo de execução é de dez meses (primeiro trimestre de 2023).
ALVARENGUINHA
Investimento de R$ 12 milhões. Trecho vai da saída do Complexo Tereza Delta até a Avenida Prestes Maia, totalizando 1,5 km. Viário terá duas faixas de rolamento em cada sentido, além de corredor exclusivo de ônibus e canteiro central.
MARGINAL DO RIBEIRÃO DOS COUROS
Investimento de R$ 95 milhões, por meio de financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Nova avenida marginal terá 2 km de extensão e seis pistas de rolamento, sendo três em cada sentido, além de ciclovia. Com isso, permitirá aos motoristas ligação direta com a Estrada dos Alvarengas, Avenida Robert Kennedy, Avenida 31 de Março, facilitando assim a conexão entre o eixo São Bernardo e Diadema.
CANALIZAÇÃO DO CÓRREGO SARACANTAN
Investimentos de R$ 8 milhões. Intervenção integra pacote de obras do Corredor São Pedro. A fase final das intervenções inclui canalização de trecho, de 625 metros, localizado no cruzamento da Avenida Luiz Pequini e Rua dos Vianas.
BRT
Investimento de R$ 860 milhões por parte da iniciativa privada. Trajeto será percorrido em 40 minutos na modalidade expressa, beneficiando 173 mil passageiros por dia. Com 20 estações e 3 terminais, traçado começa em São Bernardo, passa por Santo André e São Caetano e inclui paradas nos terminais Tamanduateí e Sacomã. Obras terão duração de 12 meses.
DUPLICAÇÃO DA ESTRADA SAMUEL AIZEMBERG
Investimento de R$ 38,6 milhões na última fase das intervenções, cujo prazo de execução é de um ano e meio. Obras remanescentes envolvem a duplicação de novo trecho da via, que passará a ter três faixas de rolamento em cada sentido.
Fotos: ASCOM/ PREFEITURA SBC
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