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Agentes de um objetivo - Marcos Monteiro


Instrumental para o alcance das arrojadas metas estabelecidas pela prefeitura, a secretaria Municipal de Infraestrutura de São Paulo (SIURB), capitaneada pelo engenheiro Pós-graduado e professor Marcos Monteiro, pode ser considerada a “casa de máquinas” da inteligência que atua diretamente nas arrojadas, extensas e profundas mudanças de requalificação pelas quais a cidade passa. Um dos destaques da edição 134 de Rodovias&Vias, o premiado técnico, volta à ilustrar estas páginas, para falar dos avanços que ele e sua equipe, foram capazes de promover até o momento.


R&V: Nós sabemos que 2023 começou, marcado na administração municipal, por um robusto e renovado ímpeto focado em ousados compromissos reafirmados pelo prefeito Ricardo Nunes, em diversas ocasiões. De que modo a SIURB está inserida nesse cenário?


Marcos Monteiro: As prioridades começam pelas definições do Plano de Metas, iniciado ainda na gestão anterior e que foi, digamos “atualizado” pelo prefeito Ricardo Nunes tendo em vista o momento e as novas perspectivas da cidade. Na secretaria, temos duas metas diretamente relacionadas, que eu reputo como as mais importantes. Temos outras, mas essas duas em específico, eu considero críticas: os 14 “piscinões”, que são reservatórios e, inicialmente, 160 obras, entre recuperações e reformas de pontes e viadutos. Além disso, estamos muito intensamente trabalhando na implantação de novos corredores e terminais de ônibus, em metas compartilhadas com a SMT, Secretaria Municipal de Transportes. Especificamente nos reservatórios, tínhamos alguns desafios, que era a retomada de obras que tínhamos encontrado paralisadas, cobertas por contratos muito antigos, de 2011, 12 e 13, que exigiram muito trabalho, empreendimentos que estavam envolvidos em investigações e que tiveram que ser rescindidos para que pudéssemos fazer as novas licitações em curso. Na revisão das metas, com as atualizações, nós entendemos que era necessário relicitar essas obras e o mais importante, fazê-las caminhar a contento. Então, o que muita gente não compreendeu, principalmente na imprensa não especializada, é que houve um grande processo burocrático a ser vencido, que é afinal a liturgia correta das obras públicas, e que tocamos com a máxima lisura, para que enfim pudéssemos proceder e avançar à fase de obras. Obras estas que por conta disso, terão que ser terminadas pela próxima gestão. Por outro lado, a segunda meta, de 160 obras de reformas e requalificação de pontes e viadutos, foi revisada para 260. Uma ampliação considerável. Na verdade, temos o desejo de chegar em até 400 intervenções desta natureza por toda a cidade. É um programa bastante importante, bastante consistente. Um programa que já estava desenhado, quando chegamos na pasta, e envolve, em um primeiro momento inspeções visuais, feitas por equipes técnicas internas da própria secretaria, e em um segundo momento, inspeções especiais, para as quais são contratadas empresas que fazem toda a avaliação mais detalhada da estrutura, verificando fissuras, corrosão de armaduras, gradis, passeios e pavimento, apresentando após isso um relatório pormenorizado daquele item. Também foi realizado um trabalho inédito, que nunca havia sido feito antes. Fizemos o mapeamento de todas as obras de arte especiais da cidade, entre pontes e viadutos, em um levantamento que identificou, referenciou e catalogou aí, cerca de 1.100 desses dispositivos por toda a cidade. Havia muitos destes inclusive, que estavam mais para a periferia, e não estavam sequer cadastrados, mas que a partir de agora, passarão a ter um tratamento.


Como exatamente funcionam esses relatórios que o senhor mencionou e como exatamente são definidas as intervenções? Existe uma matriz de decisão por esses relatórios?


Sim. A partir deles, chegamos à parte das conclusões, normalmente 3 tipos diferentes de ações que tomamos. A primeira, se a intervenção tem que ser apenas funcional, não envolvendo a parte estrutural, uma vez que a estrutura sofreu apenas desgaste natural pelo uso e pelo tempo, e com isso, torna-se preciso recuperar ou atualizar as juntas, recuperar os guarda corpos, passeio, piso, pintar... até por que, após uma intervenção dessas a intenção é entregar para a população um dispositivo em estado de novo. Aliás, muito em breve, estaremos liberando para a licitação, sob esse aspecto de recuperação funcional, 125 pontes e viadutos. A segunda ação, de acordo com o que ficar demonstrado no relatório, é a de recuperação estrutural, em que a obra de arte está adequada, mas o desgaste, com o tempo, deixou a armadura aparente, corroída, etc. Então, além de toda a parte funcional, nós adicionamos portanto, a ação que chamamos de “cobrimento”, com concretagem, devolvendo a proteção para a armadura, e fazendo correções em fissuras que sejam superficiais, da mesma forma com a intenção de entrega-la como nova. Por fim, a terceira ação, a maior e que demanda mais tempo, é a de reforço efetivo. São casos em que às vezes a OAE foi projetada há muito tempo, quando o train tipo era menor – e não estou falando só de caminhões que eram menos pesados. Até mesmo os carros eram mais leves e menores – a carga enfim, era menor. Então o projetista, na avaliação, comparando com a natureza do tráfego de hoje, observando que ela apresenta sinais de deformação excessiva ou outros tipos de sinais mais graves, indica então o reforço estrutural. Nesses casos, é elaborado um projeto de reforço. Claro, intervenções maiores, mais demoradas e mais onerosas, que consequentemente trazem mais impacto no trânsito da cidade, mas, é um tratamento que temos que dar. É muito comum as pessoas criticarem a classe política, por que somente procuram fazer novas obras, e não cuidam das que existem, não é mesmo? Então, estamos tendo o prazer de participar de uma gestão que se preocupa em cuidar e recuperar o patrimônio da cidade. Essa, na verdade é uma ação que nunca tinha sido tomada em São Paulo. Pode observar, na Marginal Tietê, Pinheiros, nunca essas pontes passaram por recuperação ou manutenção como estamos fazendo, a não ser em casos de emergência. Sempre tudo foi feito de forma reativa e não proativa ou preventiva. Mas isso é algo agora que nós normatizamos, pelo menos a cada 2 anos ter essas vistorias, para, em qualquer eventualidade de problemas aparecerem, já recuperar. Nisso, também queremos ver se conseguimos reduzir os tempos de intervenção, e claro, reduzir os custos dessas intervenções.


Nesses casos mais complexos, nós estamos falando de quantas obras? E quais os valores envolvidos no geral?


Serão licitadas – e já estamos com as licitações prontas - em torno de 90 obras que requerem esse trabalho mais à fundo. Ou de recuperação, ou de reforço. Temos alguns destes projetos sendo finalizados agora, inclusive. E, neste exercício, estamos falando de R$ 652 milhões, com, até o momento, R$ 91 milhões empenhados. Somente nas inspeções foram R$ 37 milhões. De 2021 até o momento, já investimos R$ 264 milhões, e desde o início do programa, já foram concluídas 56 obras. Hoje nós temos 28 obras em andamento. Então, somando tudo isso que já está definido, acreditamos que vamos bater a meta proposta revisada. Outra inovação que trouxemos, foram as vistorias em túneis.


Este procedimento não existia? Afinal, uma das impressões mais marcantes que se tem ao andar pela cidade de São Paulo, de carro ou mesmo de moto, são justamente esses elementos característicos.


Não. Na verdade, não existe nenhuma norma brasileira sobre inspeções dessa natureza. Então, logo que assumimos, nós detectamos essa necessidade. Foi aí que montamos um grupo de trabalho junto ao comitê brasileiro de túneis, junto ao pessoal do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto, e eles nos ajudaram a preparar recomendações dessas vistorias. Por sinal, em breve devemos realizar as licitações específicas para as vistorias em túneis, da mesma forma como são feitas as das OAEs. E em seguida, temos a expectativa de fazer a licitação das obras que serão apontadas nessas vistorias. É claro, que houve casos em que nós tivemos intervenções em túneis, mas em sua maioria, de caráter emergencial. Por conta de infiltrações e outros problemas, mas nós queríamos trazer isso para um modelo de trabalho sistematizado, para não ficarmos apenas no modo reativo, como falei um pouco antes. Nós queremos nos antecipar. Prevenir. Não apenas correr para remediar.


Mas mesmo assim, emergências existem. Acontecem. Já que o senhor falou de intervenções em caráter emergencial, vamos falar um pouco das obras que correm sob esse aspecto na secretaria.


A SIURB, até hoje, está atendendo ou já finalizou 304 obras de emergência. Investimentos aí de R$ 2,4 Bilhões. Destas que eu mencionei, 239 já foram finalizadas. Em andamento são 65. Todas elas dentro de diversas tipologias. Estamos falando aí de demolição, drenagens – que são a maior quantidade – de fato, drenagens e contenções de margens de córregos, por que às vezes ocorre de a água subir, chegar na rua e até chegar em imóveis. Tivemos contratos aí que previam a demolição de partes de imóveis afetados e a reconstrução. Já emergências em pontes e viadutos somaram 23 ocorrências, muitas delas abertas por impactos de veículos, malgrado os esforços empreendidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e seu aparato de sinalização; 35 emergências em imóveis próprios, de propriedade da prefeitura, que compreendem um reforço de telhado, reforço em muro, coisas dessa natureza; intervenções importantes em taludes, encostas e áreas de risco para a população e pelo menos 9 intervenções no viário, em situações onde houve um rompimento de galeria, com formação de buraco. Mas falando em emergência, é importante ressaltar, a atuação da SIURB é estritamente dentro do que preveem as determinações legais. Somente abrimos emergência nos casos em que há risco eminente. Ou seja, um risco de natureza tal que possa afetar a vida das pessoas. Voltando um pouco à parte mais sensível, dos taludes e encostas, o procedimento aí é o seguinte: normalmente as subprefeituras são acionadas, contatam a Defesa Civil, que averigua o nível de risco no local. Não precisa às vezes nem se tratar de risco eminente, como eu falei, mas pode ser uma declaração de “alto potencial de risco”, por exemplo. E são essas situações mais graves que acabam sendo enviadas para a secretaria, por que a subprefeituras não têm capacidade financeira para atuar frente ao problema. Nesta sequência, enviamos um engenheiro fiscal, com duas atribuições principais. Uma, a comprovação do risco, por que muitas vezes, uma avaliação técnica mais detida, acaba descartando o problema como de risco eminente. Praticamente metade dos atendimentos nossos, afinal não detectou problemas de alta gravidade. A outra prioridade desse engenheiro fiscal, em se constatando de fato a emergência, é delimitar a sua área de abrangência. Importante lembrar que em uma época de chuvas muito intensas, esse é um enquadramento que muitas vezes evolui de um dia para o outro. Inclusive, essa delimitação, é uma delimitação prevista legalmente, e ela prevê uma “margem” ou um raio, de 100 m do ponto detectado, não temos como tratar uma emergência de, por exemplo, uma canalização de córrego de 3 Km, por que aí há uma fuga da função legal. E é por isso que muitas vezes, a própria população não entende, e chegam algumas reclamações de que “só foi feita uma parte da obra”. Nós inclusive, tivemos diversas reuniões sobre esse aspecto, de continuidade dessas obras, extrapolando o trecho de emergência.


E emergência não tem licitação...


Não é por isso que a coisa fica “solta” não! Olha só. A secretaria tem um contrato de consultoria com a FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que gera, à cada 6 meses, a “Tabela SIURB”. É uma tabela de preços médios de serviços e materiais. É uma tabela que é elaborada com preços de mercado, registrados, onde os itens mais significativos são atualizados com maior frequência. Mas é um trabalho bastante extenso que a FIPE faz. Interessante ressaltar que muitas prefeituras do Brasil inteiro, fazem uso dessa tabela que nós publicamos. E é precisamente essa tabela que nós usamos como referência para a confecção dos termos que resultam nas licitações de obras, com os quantitativos de material, mão de obra, e etc. A menos que haja um item que não esteja presenta na tabela, nós temos aí portanto um alto grau de previsibilidade na montagem dos nossos custos. Então, as emergências, necessariamente obedecem a esses custos publicados na tabela SIURB. Outro ponto incluído aí na afirmação de “não tem licitação”: o critério de escolha da empresa. Hoje o procedimento do nosso Departamento de Obras é definir 3 empresas, em que se pede uma manifestação de interesse para entrar ou não para determinada situação de emergência. Feito isso, elas oferecem um desconto sobre o valor detectado em cima da tabela. Outro ponto. A primeira ação que se toma em uma emergência, é a elaboração de um projeto, após todas as atitudes e precauções adotadas para mitigar o risco.


O senhor comentou sobre a atuação da secretaria com a Defesa Civil, que funciona como um gatilho para algumas ações de emergência. Como isso funciona exatamente?


A Defesa Civil, por sinal, tem um trabalho importantíssimo na detecção e monitoramento das áreas de risco e em indicar, de acordo com a classificação de maior para menor risco, onde R1 e R2 representam baixo risco e R3 e R4 constituem maior risco. E, depois é ela quem vai fazer o primeiro atendimento à população. Aí na hora de atuar na área para melhorar a condição é que existe essa ação consertada que inclui as subprefeituras e as nossas intervenções. Hoje, estamos responsáveis pelo plano municipal de redução de riscos. Um plano que está acordado com o Ministério Público desde 2011. De lá para cá a Cidade tem tomado várias medidas nesse sentido. Por exemplo, temos nesta gestão o “plano preventivo de chuvas de verão”. Uma ação integrada de várias secretarias para atuar nesse período. Neste ano, foi tomada a decisão de ampliar esse trabalho, com um comitê inter-secretarial, apenas para tratar de áreas de risco, implantado durante o ano todo, não apenas no início do ano. Coube à SIURB formatar esse plano de redução de riscos, por isso contratamos o FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia), para fazer este trabalho junto à nós. Foram definidos 3 eixos principais de mitigação, um deles, precisamente é a elaboração desse plano. Já apresentamos, portanto, o desenho desse plano ao MP. Mas, para que ele se torne um trabalho efetivo, além da investigação e prospecção de 200 áreas de risco, estão em curso mais de 100 projetos para a implantação de intervenções até o final deste ano, contemplando especialmente áreas R3 e R4. Neste contexto, também é importante destacar o trabalho da SEHAB, por que muitas dessas áreas de risco possuem residências irregulares, e ela entra oferecendo a selagem dessas áreas, promovendo o aluguel social, e, mais recentemente, um projeto que permite a indenização por parte da Prefeitura, tudo para facilitar a retirada das pessoas dessas áreas de risco.


O senhor mencionou órgãos de controle. E as relações com os entes responsáveis pelas questões de Meio Ambiente, apesar de estarmos falando de intervenções em áreas mais adensadas?


Tudo isso tem que entrar em um planejamento muito cuidadoso. Na verdade, eu creio que um dos nossos grandes acertos, foi justamente a criação do Departamento de Planejamento. Muitas vezes, acontecia de desenvolvermos um projeto e descobrirmos já quando quase estávamos nos movimentando para instalação, alguma interferência ou intercorrência, seja de ordem ambiental, seja com concessionária, ou algo mais ligado à desapropriação. Com a criação desse Departamento, todo o projeto que irá se iniciar, passa por uma fase de estudo das premissas, já performando uma consulta detida nessas disciplinas, checando se há interferências, se haverá a necessidade de contatar o ente ambiental para obtenção de um licenciamento, se ele pode ser simplificado, se é necessário algo mais complexo, que exige um EIA – RIMA (Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impactos ao Meio Ambiente), que leva muito mais tempo, às vezes um ano. Quando olhamos, com uma informação dessas na cabeça, fica fácil entender o impacto que um procedimento desses tem em um empreendimento que é pensado e é iniciado dentro dos 4 anos de uma gestão. Afora o fator ambiental, podemos olhar as desapropriações. Se não for feito um levantamento muito cuidadoso, ao fim das contas, se verá que a desapropriação custa mais caro que a própria obra. Então, existe esse cuidado ainda na fase de planejamento, de nossa parte, para não perdermos tempo nem energia com projetos que vão, ao final, se mostrar inviáveis. E isso é respeito pela população. Respeito pelos recursos e compromisso com o bom uso dos mesmos. Outras interferências também têm que ser levadas muito à sério. Por exemplo, na Ponte Graúna – Gaivotas, tinha um desafio que levou à uma grande negociação com a ISA CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica de São Paulo), por conta das linhas de energia lá presentes. Então, estamos estudando com eles o enterramento dessas linhas. Outra obra que possui interferências dessa natureza, é o prolongamento da Marginal Pinheiros. O grande desafio para esse prolongamento são as linhas de transmissão. Então, bem antes de começarmos as obras, nós já nos antecipamos nessa fase de projetos, justamente para evitar o mitigar essas situações. E temos tido sucesso trazendo essa nova perspectiva para a secretaria.


Isso tudo, levando em consideração que, os volumes de chuvas têm sido muito maiores do que os registrados em séries históricas. Ainda assim, temos a percepção que a secretaria tem conseguido dotar a cidade de uma maior resiliência. Esta é uma percepção correta?


Nós temos verificado uma intensificação das chuvas. Especialmente nos últimos

2 anos. Mas em contrapartida, temos registrado uma queda acentuada em ocorrências. E por ocorrência nós falamos de alagamentos e outros eventos que causam algum tipo de transtorno na cidade. Uma queda realmente acentuada. E entendemos que as obras emergenciais em que atuamos, foram em grande parte responsáveis pelo declínio dessas ocorrências. Foram obras aí, feitas em sua imensa maioria, na periferia, em áreas esquecidas por gestões anteriores. Esse, inclusive é um ponto de honra para o prefeito.


Acreditamos também que deve ter contribuído bastante, algo que falamos em edições anteriores, que eram os “cadernos de drenagem”. Como estes estudos têm evoluído?


Constituem uma parte importante do nosso planejamento e ações preventivas, e são uma parte de um “Plano Diretor de Drenagem”. Os cadernos de drenagem permitem uma avaliação detalhada de cada bacia hidrográfica, dos sistemas de drenagens ali existentes, tanto de micro, quanto macro drenagem, quais as grandes manchas de alagamento na Cidade. Hoje estamos com quase 60% delas já mapeadas. Um compromisso assumido pela gestão. Lembrando que estamos também com um outro contrato com o FCTH (Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica), da USP, para que até o final desta gestão tenhamos o mapeamento total dessas bacias que eu mencionei. São esses cadernos, afinal que são os direcionadores das grandes intervenções que a SIURB tem, previstas para a cidade, dentro do Plano diretor. À medida em que estes cadernos vão ficando prontos, e já são aí cerca de 17 deles, que inclusive, passaram a contar, ainda na fase de elaboração com audiências públicas, ajudam a orientar o planejamento da cidade. Então, voltando um pouco ao início da conversa, tendo sempre em mente as metas estipuladas, sim a secretaria tem empreendido esforços em um planejamento consistente para maior eficiência nas ações.


O senhor falou em 14, 15 piscinões. Também são elementos chave na questão do tratamento das águas da cidade.


Sim, sem dúvida. Somente em perus são 4 elementos deste tipo em um complexo de obras que está em execução. Outro reservatório em execução é o do “Morro do S”, próximo à Avenida Carlos Caldeira, só para citar alguns. Mas existem trabalhos maiores, que acabam tendo um apelo social muito forte, como é por exemplo o extenso trabalho de drenagens sendo realizados no Jardim Lapena, que já está com contrato de obras assinado, e em paralelo, está em curso um projeto inovador da Prefeitura, de urbanismo social, que o pessoal chama de “caminhabilidade”, que consiste em transformar aquela região, principalmente focando na mobilidade à pé, no itinerário das escolas, acessos aos postos de saúde, de implantar uma sinalização viária adequada, calçamento adequado, um cuidado nos parques, praças e jardins, e efetivamente oferecer uma melhor condição de experiência urbanística, diretamente no local onde as pessoas vivem o seu dia a dia. No total, são aí 12 áreas na periferia de São Paulo que receberão esse cuidado, sendo que o Lapena é a primeira delas. Outro projeto importante é o do Jardim Pantanal. Uma área “esquecida” da Cidade, ficou mais de 30 anos sem uma atenção adequada do poder público. Uma região sensível, de várzea, como o próprio nome indica. Enfim. Hoje, entendemos que é uma área consolidada e que, portanto, merece a nossa atenção. Por isso estamos fazendo a regularização fundiária, para podermos atuar, por que não é concebível o abandono. Neste lugar, a situação é tão grave, que teremos que fazer um dique e um complexo de reservatórios para ajudar a controlar as águas. Nossa intenção de verdade é melhorar muito essa que é uma área emblemática da cidade. Queremos resolver. Falando um pouco dos outros reservatórios, em breve licitaremos o piscinão do Antonico, que compreende 2 dispositivos, um à cargo do Estado; estamos com trabalhos em curso no Paraguai-Éguas, em frente ao Tribunal de Contas do Município (TCM); o reservatório Freitas; no Lapena também, parte do complexo que falei um pouco antes.


Em relação à mobilidade, como estão os BRTs?


Os projetos do trecho um do BRT Radial, que vai do Parque Dom Pedro até o Aricanduva já estão prontos. Nós chegamos a abrir a licitação, porém ele encontra-se em análise no Tribunal de Contas do Município (TCM). Estamos em tratativas com eles para sanar essas dúvidas. Aliás esta é uma questão importante, esse bom relacionamento com os órgãos de controle. Compreendemos a importância, lógico, no sentido de zelar pela transparência nos processos, cuidar da boa aplicação de recursos, dentro dos interesses da sociedade, e é por isso que estamos sempre dispostos e atentos à estes questionamentos, com a maior agilidade possível. Mas, é um projeto que deve ter aberta a licitação do trecho 2, entre o Aricanduva ao Itaquera. Ao todo São 3 trechos, com financiamento parcial do Banco Mundial, com contrapartidas do próprio Município. Inclusive o projeto também está em análise pelo banco, para uma vez consolidado, podermos fechar a licitação. Radial Leste e Aricanduva, temos pretensões de início de obras ainda este ano. São projetos grandes, que vão melhorar muito a mobilidade, principalmente na Zona Leste da cidade.


E são projetos bem completos, com ciclovia, e outros elementos contíguos, utilização de tecnologias novas...


Completos e complexos. Nós vamos atender mais de um tipo de ônibus. Por que o conceito de BRT prevê uma série de itens, como cobrança desembarcada, pessoas embarcando no mesmo nível do piso do ônibus, abertura simultânea das portas da estação e do ônibus... e para isso tudo, o natural, é que houvesse uma frota padronizada. É como se fosse um Metrô sobre rodas. Como isso não será possível, pois a frota é composta de diversos tipos de ônibus, operando dentro de concessões específicas - que claro, devem ser respeitadas, afinal esse é o princípio de segurança jurídica - teremos que introduzir ônibus do sistema normal no sistema do BRT. Para isso, via SPObras (São Paulo Obras, empresa pública Municipal), foi feito um projeto de terminal que fosse capaz de detectar as características do modelo de ônibus em chegada, para adequar sua própria operação à ele. É um conjunto de tecnologias preexistentes, mas arranjado de um modo muito inovador. Nós teremos ainda a continuidade da construção do Terminal Itaquera, que foi homologada recentemente. É um terminal de ônibus de grandes dimensões, que estava paralisado, junto com o corredor Leste Itaquera – São Mateus. Na retomada, houve a rescisão do contrato, que foi repassado para a SPTrans (São Paulo Transporte S/A, companhia de capital misto, controlada pela Prefeitura Municipal), restando o terminal, que está sendo retomado pela secretaria por meio da SPObras.


Além do BRT, também a SIURB tem participado junto à esforços da CET quanto à ciclovias e algumas intervenções importantes no sentido de empreender melhorias no viário, não?


No nosso caso, são as “ciclo-passarelas”. Temos uma destas, paralela à Bernardo Goldfarb, teve já a sua licitação encerrada, e está em andamento. Junto a isso, temos a requalificação de 5 corredores, Amador Bueno; Imirim; Santo Amaro; Itapecerica e Interlagos, além de uma continuidade no segmento da Chucri Zaidan. Lá inclusive, já temos os emboques do túnel, que ainda resta ser finalizado, em um conjunto de obras que também está em análise pelo TCM, e que passou por uma mesa técnica conosco. Esse aí é um investimento de mais de R$ 500 milhões, incluindo finalizar o corredor da Cecilia Lottenberg. Falamos de túnel, houve uma retomada importante também nas obras no complexo Sena Madureira. Destacando aqui, que tanto Chucri Zaidan quanto o corredor Radial Leste são intervenções que estão sendo promovidas em conjunto com o governo Estadual. Outra parceria importante com o governo do Estado é a requalificação da Avenida Presidente Wilson. Uma obra que já está tendo seus projetos finalizados, e passará por um rol de intervenções bastante significativo, com novos elementos de drenagem, nova pavimentação, guias e sarjetas, desde a Mooca até a Avenida São Caetano. Esta, por sinal é uma parceria que extrapola as questões financeiras, a partir do momento que inclui a previsão de uma série de trabalhos em conjunto com a SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que irá ajustar as linhas de captação de esgotamento e águas.


E com relação à ação recentemente lançada “Todos Pelo Centro”. Como se dará a participação da SIURB nessa grande iniciativa?


O “Todos Pelo Centro” é uma ação muito legal. Não são coisas pontuais, aqui e ali, por que teve uma ou outra reclamação. É um plano integrado de muitas ações conjuntas e que, a exemplo dos comitês que eu citei no início da nossa conversa, preveem interações muito aproximadas intersecretariais. Por enquanto, a SIURB assumiu o calçadão do triângulo histórico, com as obras já iniciadas. Estamos fazendo ali alguns ajustes para dar mais celeridade à obra, mas ela consiste desde o remanejamento do subsolo para podermos organizar as tubulações, melhorar as drenagens, e colocar um pavimento que permita uma mobilidade maior, pois há uma certa polêmica aí com as pedras portuguesas. Nós vamos sim, mantê-las em algumas regiões da cidade. Mas ali, em função do tráfego intenso, associado à chuva se infiltrando e as deformações na superfície, que vão se formando e geram irregularidades, poças, não são compatíveis com o nível de conforto e acessibilidade que queremos oferecer. Esta, por sinal, não é e nem pode ser apenas uma discussão sobre estética. É uma discussão sobre funcionalidade. Mas, haverá toda uma repaginação do mobiliário urbano, com iluminação cênica, sinalização, totens, mesas de localização, identificação dos edifícios históricos, enfim. Uma ação grande também em termos de infraestrutura. Paralelamente, trabalharemos com a Secretaria de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), por exemplo, para fazermos o retrofit de alguns prédios do Centro, focando em melhorias tanto para uso comercial quanto para uso residencial, como uma forma de incentivo para que as pessoas voltem a morar no Centro de São Paulo. Reocupar, para que se melhore as condições. Concomitantemente, está previsto um grande aparato de trabalhos sociais, que será feito pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, que oferecerá abrigos e alternativas de moradia mais digna para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Haverá incentivos fiscais, para que os comércios voltem, e que atividades mais contemporâneas, como Tecnologia da Informação e empresas de Tecnologia em Geral, venham instalar seus escritórios no Centro. Se por um lado, há essa intensa programação para o Triângulo, há também o projeto do Quadrilátero. Aquela região que abrange o Teatro Municipal, as avenidas Ipiranga e São João, e que compreendem mais ou menos o mesmo tipo de ações.


Falamos de obras com forte apelo social. Em um tema muito próximo a esse, como avançam as melhorias na infraestrutura voltada para a educação, que também constituem um outro ponto de atuação muito forte da secretaria?


É uma programação grande, em torno aí de R$ 2 milhões em investimentos, em uma maioria de novas escolas. Somente a SIURB está entregando 32 escolas completamente novas, entre CEI (Centros de Educação Infantil), EMEI (Escolas Municipais de Educação Infantil) e EMEF (Escolas Municipais de Ensino Fundamental). Sendo que para todas elas nós contratamos projetos específicos para atender melhor às necessidades de cada tipologia. Vale destacar que elas todas têm adequação para melhor aproveitamento da água, painéis solares, todo um rol de equipamentos voltados já à uma visão mais aderente aos novos padrões requeridos de sustentabilidade.


Não podemos deixar de falar das melhorias que estão sendo feitas no “templo da velocidade”, o autódromo José Carlos Pace, ou autódromo de Interlagos que ficará mais amigável para receber eventos e outras atrações, não é mesmo?


Sim, existe essa ação, que acompanha uma movimentação, digamos “orgânica”, uma vez que ele já tradicionalmente recebe grandes eventos e shows, como o Lollapalooza, mas que demoravam muito para terem suas estruturas montadas e desmontadas. Na parte interna, não existe, naturalmente, uma rede de esgoto, uma galeria por onde se possa passar cabeamento, valas técnicas, e esse tipo de infraestrutura que facilita as montagens.


Falava-se em fazer uma concessão do espaço.


Mas o prefeito Ricardo Nunes decidiu, já há algum tempo, que se vier a ocorrer, ela não se dará nesta gestão. Até por que no nosso entendimento, vemos que ele traz um bom retorno para a Cidade. Com essa decisão, decidimos investir e qualificá-lo para agregar ainda mais valor. E aí, futuramente, se houver a decisão de concedê-lo, também a cidade terá maior margem nesta concessão. Partindo disso, optamos por realizar diversas intervenções. Para se ter ideia: este ano será realizado o The Town, e existe a intenção que ele seja realizado ano sim outro não. E é interessante notar que Interlagos não para. Tem agenda todo dia. Não é só grandes shows e Fórmula 1. É Porsche Cup, Stock Car, Old Stock, e até eventos de motovelocidade. Tem até eventos muito fortes de âmbito nacional na pista de terra que tem lá, além do kartódromo. Então, estão sendo feitas obras de terraplenagem, a instalação de galerias de esgoto, em um contrato que firmamos com a SABESP, as valas técnicas, a contratação de uma nova iluminação, tudo tendo em mente maior facilidade para as montagens. Tudo isso, com o intuito de conseguirmos abrir mais datas. Veja só. A somente a Fórmula 1, que traz um ótimo retorno para a cidade, ocupa o autódromo durante 2 meses. E isso nos leva a empreender obras lá todos os anos, para as adequações necessárias. Será mais agilidade para o, como você disse, “templo da velocidade”.






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